quinta-feira, 9 de julho de 2015

      (Emir Sader)

Washington Luís ou Getúlio?

9 de julho de 1932: as elites paulistas tentaram conter e reverter as transformações que Getúlio começava a implementar no Brasil.

Emir Sader
Getúlio Vargas
Esta quinta-feira, 9 de julho, é o dia em que as elites paulistas  rememoram(?) de um dos seus ícones fundamentais(do conservadorismo) – o outro é Borba Gato, do ciclo dos bandeirantes. Porque naquele 9 de julho de 1932 tentaram conter(e inviabilizar) as transformações sociais que Getúlio Vargas começava a implementar no Brasil.

Washington Luís Pereira de Souza, político de origem fluminense(Macaé-RJ), cooptado pelas elites paulistas – exatamente como  FHC e derrubado pela chamada revolução da 'Aliança Liberal de 1930 -, notabilizara-se, além de continuar com o domínio das elites primário-exportadoras, por duas de suas afirmações: “A questão social é questão de polícia” e “Governar é construir estradas” – para facilitar as                                                             exportações.
Nada mais contrastante em relação ao governo que Vargas iniciava, com a reivindicação, pelo Estado, dos direitos sociais dos trabalhadores e pela conclamação aos brasileiros como “Trabalhadores do Brasil”.
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Washington Luís Pereira de Souza
Até hoje a elite paulista – do Estadão aos tucanos - não digeriu a acachapante derrota, no
 confronto armado com o poder central. Continua a fazer a apologia de Washington Luís, pondo seu nome em tudo quanto é lugar público – de estradas a avenidas. Ao passo que  Getúlio, o maior estadista brasileiro do século XX, não consta de qualquer logradouro público  em São Paulo. Lula constatou isso, ao inaugurar um auditório no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, com o nome de Vargas.  
O paradoxo não poderia ser maior: FHC, ao instaurar seu programa neoliberal de governo, disse: “Vou virar a página do getulismo”.  Ele sabia que a centralidade do mercado que seu governo buscava, só poderia ser feita contra o Estado construído por Getúlio, que afirmava os direitos sociais, fazia do ente estatal uma alavanca para o crescimento econômico, incentivava a industrialização, reconhecia o direito à sindicalização dos trabalhadores, lançava as bases do nacionalismo e do Estado nacional.
Até hoje pode-se afirmar que essa é uma linha demarcatória das forcas políticas e das ideologias no país:     quem   postula  avanços  com base   no ideário alicerçado por Vargas situa-se à esquerda; quem é contra  encastela-se, sob inspiração do malfadado '9 de Julho', na direita brasileira.  



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