quarta-feira, 25 de março de 2015


A saída de Traumann era 'passe


telegrafado'. Não esperem


mudanças na Comunicação


Fernando Brito              
             traumann
Desde o “vazamento” do documento sincero (mas desastrado) de análise de situação do Governo em matéria de Comunicação, era esperada a demissão de Thomas Traumann da Secom.
Aliás, ainda que não vazado, o texto marcava as críticas do ex-ministro à linha assumida por Dilma desde o final da campanha eleitoral.
Como, apesar de não conhecê-lo pessoalmente, sei que é pessoa de caráter honrado, descartei logo a hipótese de que ele próprio fosse o autor da inconfidência, como forma de “sair atirando”, o que seria uma atitude totalmente imprópria  a alguém que ocupa um cargo de confiança e tem o dever de lealdade até mesmo quando o deixa.
Logo, se não foi o ator do documento, nem a destinatária – a própria Dilma – o vazamento foi obra do círculo palaciano  que recebeu cópias para avaliação. Um de seus integrantes, de posse dele, viu a chance de defenestrar Traumann, que já andava pelas beiradas.
E o vazou para o Estadão, já que as fontes de vazamento para a Folha já andavam bem “manjadas”.
Por que? Porque Traumann, injustamente até, por sua independência pessoal, era visto como “herança” de Franklin Martins e, portanto, “lulista”.
Os que acham que estão com seus cargos  ameaçados por Lula temem qualquer um em quem vejam suspeitas de entender que o ex-presidente é  uma das fontes de legitimidade de Dilma Rousseff.
Depois do vazamento, Traumann, que já não queria ficar, não teve outra alternativa que não a de sair, para reduzir os constrangimentos ao governo.
Diferente dos que “armaram” para ele, que fazem qualquer coisa para ficar.
A Secom vai cair de importância, reduzindo-se à imensa burocracia em que se transformou para administrar, da forma mais convencional, as verbas minguantes de publicidade  do governo federal.
A principal necessidade de Dilma, a de um porta-voz, é difícil de ser suprida por alguém que não seja versado na política e escape por entre as veredas das armadilhas montadas diante dele (ou dela). Além do mais, Dilma nunca foi de ter porta-vozes, pelo seu temperamento pessoal.

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