domingo, 25 de janeiro de 2015

Postalis, mais uma 
vítima do pacto
com o PMDB

(Luis Nassi)                  Luis Nassif Online 

Do AMgóes -  Na ditadura,  a Previ/BB foi dilapidada para cobrir  rombos do Brasilinvest e outros bancos 'de investimento'. Seus dirigentes, claro, da extrema confiança dos generais. No período de FHC, houve intervenção na Previ/BB e, entre outras falcatruas, empurraram na goela dos associados, o falido grupo do Hospital Umberto Primo, de São Paulo(por interferência de José Serra, então ministo tucano da Saúde) e o tal  Costa do Sauípe, na Bahia(de interesse do 'Toninho Malvadeza'). A gestão da Previ/BB, a partir de 2003, exercida paritariamente por servidores do BB, 50% eleitos pelo quadro social e os outros 50% pelo patrocinador, levou o fundo de pensão ao patamar de 24º em todo o mundo, malgrado os prejuízos anteriores. Durante 5 anos, de 2008 a 2013, a Previ distribuiu mensalmente o BET-Benefício Especial Temporário, opor conta dos resultados superavitários registrados. O corpo social da Previ/BB mantém  fóruns permanentes de debate e vigilância país afora, com, obviamente, periódica e acirrada disputa no preenchimento de postos sujeitos a processo eleitoral. O presidente da Previ/BB, indicado pelo patrocinador(o Banco do Brasil, com, claro, injunção do Palácio do Planalto) não dispõe da prerrogativa do 'voto de minerva', outra conquista dos trabalhadores. A Previ/BB é majoritária na constituição acionária da Valepar S.A., grupo que detém o controle  da Vale(ex-estatal), além  de integrar centenas de organizações societárias nos mercados brasileiro e exterior. A permanente mobilização dos associados da Previ/BB, em particular experientes quadros ex-dirigentes, já aposentados,  e militantes sindicais, tem ensejado à instituição cumprir há décadas sua precípua finalidade, ainda que á custa de eventuais contenciosos, decorrentes de receitas indevidamente apropriadas pelo Banco, à espera de decisões prolatadas nos tribunais. No caso específico do 'Postalis', fundo  de pensão dos funcionários dos Correios, acredito, salvo melhor juízo, ter faltado, no curso de décadas,  generalizado engajamento por sua preservação, cujos embates ficaram adstritos, via de regra,  aos limites negociais das entidades corporativas, insuficientes, na quebra de braço com fortuitos interesses do poder,  para preservar a plenitude de sua solvência atuarial.  Afinal,  não se pode confiar nas raposas felpudas que, em qualquer época, jamais deixaram de rondar nossos(supostamente) inexpugnáveis galinheiros, construídos com nosso suor e repleto de ovos de ouro...  
     Wagner Pinheiro e Alexej Predtechensy
                O presidente dos Correios Wagner Pinheiro(de gravata listrada) e o ex-presidente                                     do Postalis, Alexj Predtechensky, responsável pelos golpes aplicados no Postalis
Nos próximos dias irá estourar mais um megaescândalo do Postalis, o fundo de pensão dos Correios e mais uma evidência incomoda do desastre que foi para o país a utilização de estatais para acordos políticos.
O Postalis adquiriu R$ 150 milhões em debêntures da 'Construtora Mudar',  de um aventureiro carioca de nome Augusto Martinez. Recebeu, como garantia, terrenos avaliados em apenas R$ 7 milhões.
Graças a uma parceria com o programa 'Domingo Legal', do SBT, a Mudar estourou no mercado de baixa renda, em dois anos saltou de R$ 150 milhões para R$ 400 milhões em lançamentos, emitiu as debêntures. Logo depois, Martinez desapareceu deixando 3 mil mutuários sem receber os apartamentos.
Não foi o primeiro golpe aplicado no Postalis pelo ex-presidente Alexej Predtechensky, o “Russo”, colocado no cargo, ao que consta, na cota do ex-Ministro Edison Lobão, ligado ao grupo de Sarney.
O Postalis aplicou em todos os micos recentes do mercado financeiro, em papéis do BVA, Banco Cruzeiro do Sul e Oboe.
Grande parte da roubalheira aconteceu através do fundo de investimento Sovereign, administrado por uma tal de Atlântica Investimento – de um aventureiro brasileiro que passou por Miami, Fabrizio Dulcetti Neves.
A diretoria do Postalis – Alexej e o diretor financeiro Ricardo Oliveira Azevedo – tinha liberdade para aplicar até o limite de R$ 120 milhões sem consultar nenhuma outra instância.
Só com o Atlântica as perdas chegaram a R$ 371 milhões (em valores históricos), ou mais de R$ 600 milhões (em valores atualizados). O fundo foi constituído para investir em títulos da dívida externa brasileira, mas desviou as aplicações para empresas privadas, provavelmente ligadas a Fabrizio e a Alexej.
O Russo atuou impunemente no Postalis por seis anos. Saiu apenas em 2011, quando se constataram suas falcatruas.
Sua saída foi prestigiada por inúmeras autoridades, incluindo o presidente dos Correios, Wagner Pinheiro. No discurso final, o Russo afirmou que gerir o Postalis foi uma das experiências mais marcantes de sua vida profissional e que perseguiu por todos os meios a meta de manter o Postalis “adequado à modernidade pegada pela legislação brasileira.”
O presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, quando do outro lado do balcão, ainda no governo FHC, teve papel relevante para impedir que o Banco Opportunity lesasse ainda mais os fundos de pensão.
Como presidente da patrocinadora, saudou a gestão de Russo, afirmando que “nos últimos dez anos, houve uma mudança enorme na gestão dos fundos, sendo quase uma revolução no setor de previdência complementar no Brasil.
O pacto espúrio com o PMDB fez com que outro fundo relevante, o Real Grandeza, fosse entregue ao inacreditável deputado Eduardo Cunha. Mas os funcionários se levantaram a tempo, conseguindo seu afastamento.
80 mil contribuintes do Postalis podem ter o mesmo destino do Aerus, o fundo de pensão  dos aeroviários, depenado por sucessivas diretorias.

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