sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

A incrível capacidade de
Eduardo Cunha em arrecadar 
fundos para o PMDB
A equação é simples: lobby no Congresso resulta no aumento de receita para campanhas peemedebistas e, consequentemente, influência crescente de Cunha sobre correligionários...

Do AMgóes - Mais detalhes sobre a influência do indivíduo que, reeleito deputado federal há vários mandatos, com votos de evangélicos 'renovados', em conluio com 'pastores de negócios'(escusos),   grana de empresas e blindagem da imprensa golpista( cujos interesses defende com unhas e dentes no Congresso), poderá ser o 'número três' do Executivo federal.                                                                               
               
Jornal GGN - O deputado federal Arlindo Chinaglia, candidato do PT à presidência da Câmara, quando fala da disputa à imprensa, em provocação aos adversários, deixa uma frase solta no ar: “Não é minha candidatura a dependente de poderosos grupos econômicos.” Seria Eduardo Cunha (PMDB), favorito no pleito, o sujeito oculto na frase, dono de rabo preso com empresários? “Entenda como quiser”, costuma rebater o petista.
Há meses que opositores de Cunha discutem nos bastidores uma das principais táticas do peemedebista para vencer a presidência da Câmara, cargo que só perde em relevãncia para a presidência e vice-presidência da República. O segredo seria a criação de uma bancada 'própria'(aglutinando parlamentares de vários partidos, da base do governo e da oposição). Cunha nega, mas seu poder de influência sobre outros deputados é inegável. Até porque teria prestado ajuda financeira valiosa à campanha de companheiros.
Tal solidariedade foi alvo, em novembro de 2014, de reportagem na Folha de S. Paulo. O jornal publicou que um “executivo de uma grande empresa” recebera de Cunha pedidos para “fazer doações a um grupo de 20 a 30 deputados, a maior parte do Rio, de Minas Gerais e do Nordeste." “Foi assim que o líder do PMDB (na Câmara) montou uma cadeia de agradecimentos.
O sucesso de arrecadação fez sobrar dinheiro na última campanha de Cunha. O deputado disse àquela edição da Folha que boa parte das doações recebidas foi feita por empresas por ele 'defendidas' no Congresso. "Muito procurado por grandes companhias, [Cunha] faz adendos em medidas provisórias e trabalha para agilizar a aprovação ou a derrubada de leis” que interessam a seus financiadores.
A equação, afinal, é simples: o lobby no Congresso resulta no aumento de receita para o caixa peemedebista e, consequentemente, na influência crescente de Cunha sobre correligionários.
Financiamento de campanha e lobby
Em 2014, a equipe de Eduardo Cunha declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter gasto R$ 6,4 milhões de reais, cerca de 50% a mais do que na disputa de 2010. A receita foi da ordem de R$ 6,8 milhões. Desse total, R$ 4,6 milhões foram doados principalmente pela indústria da bebidas, bancos, mineradoras e a Telemont. O restante do caixa foi composto por transações feitas pelo Comitê Estadual/Distrital do PMDB do Rio de Janeiro.
Os doadores de Cunha em 2014:                             
Algumas contribuiçãos chamam atenção por partirem dos setores pelos quais Cunha se empenhou no Congresso. Caso da Telemont, que opera sistemas de internet banda larga. O deputado deu muita dor de cabeça ao governo Dilma Rousseff (PT) na tramitação do Marco Civil da Internet, aprovado em 2014, apesar de suas maquinações para impedi-lo. A lei foi aprovada com dispositivos que contrariam os interesses do setor de telecomunicações, como o que impede a cobrança de um pedágio para facilitar ou dificultar o acesso a certos conteúdos da Web.
Código de Mineração
Edição da revista CartaCapital sobre a “rica campanha” de Eduardo Cunha destacou que o peemedebistaescalou o relator da proposta de um novo Código da Mineração, enviada pelo governo ao Congresso com o objetivo de cobrar mais impostos do setor e condicionar a exploração do solo brasileiro a licitações prévias. Não é uma lei dos sonhos da Vale e da Rima”, doadoras da campanha de Cunha. “O texto está parado há mais de um ano na Câmara, graças ao relator indicado por Cunha, Leonardo Quintão, do PMDB de Minas, ele mesmo financiado por diversas mineradores na eleição.
Em 2014, o comitê estadual do PMDB afirmou ter arrecadado pouco mais de R$ 55 milhões. Entre os doadores estão construtoras como OAS, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez; bancos, grupos hospitalares, operadoras de planos de saúde e do ramo de bebidas e mobiliário. Boa parte dos fundos das empreiteiras foi transferida pelo comitê nacional.
MP dos Portos
Entre os empresários figura Richard Klien, que doou ao PMDB um cheque de R$ 100 mil. Klien protagonizou, há dois anos, uma crise na Santos Brasil, a dona do maior terminal de contêineres da América do Sul. À época, o governo Dilma (que também foi financiado por Klien) acreditava que a Santos Brasil atuava nos bastidores do Congresso na tentativa de barrar a MP 595.
Cunha, ao longo de 2013, atuou contra a chamada MP dos Portos, na tentativa de impedir o governo de realizar novos leilões para concessão dos terminais portuários. Segundo reportagem da revista Isto É, mais de R$ 240 mil doados foram destinados à campanha do deputado em 2010, por meio do PMDB do Rio. A AMC Holding, do grupo Libra, foi a signatária. A empresa é responsável pelo Porto de Santos.
A empresária Celina Borges Torrealba Carpi, neta de Wilfred Penha Borges, fundador do grupo Libra, entrou com R$ 250 mil na campanha do PMDB do Rio em 2014. Ela transferiu o mesmo valor à campanha presidencial de Marina Silva (PSB). Outro neto de Wilfred, Gonçalo Borges Torrealba, repetiu os passos de Celina: doou R$ 250 mil para o PMDB e R$ 250 mil para o PSB nacional.
JBS e planos de saúde
As doações dos herdeiros do grupo Libra foram feitas ao Comitê Financeiro Único do PMDB no Rio, que declarou ao TSE receita de R$ 72,1 milhões. Desse total, R$ 22 milhões foram doações únicas do JBS. O grupo, segundo reportagem do Estadão, foi beneficiado pelo Ministério da Agricultura diversas vezes, por intermédio da Secretaria de Defesa Agropecuária, sob comando de Rodrigo Figueiredo, um "apadrinhado de Cunha".
Ainda entre as doações ao Comitê Financeira Único do Rio consta o montante de R$ 180 mil, injetado pelo bilionário do setor energético Antonio José Almeida Carneiro. A empresa Almeida e Filho Terraplanagens Ltda. doou mais de R$ 1 milhão. Empresas de mineração aparecem com mais de meio milhão. A Amil investiu o dobro disso, após Cunha ter atuado também contra a MP 627, com o objetivo de aliviar a barra das operadoras de planos de saúde, em relação às multas aplicadas por abusos contra o consumidor.
Evolução
Na eleição de 2010, o Comitê Financeiro Único do PMDB no Rio arrecadou R$ 32,4 milhões - quase 58% do que foi arrecadado na última eleição. Já a campanha de Eduardo Cunha arrecadou, em 2010, R$ 4,7 milhões - 69% da arrecadação de 2014. 
Com tantos recursos, o PMDB no Rio elegeu, além de Cunha, mais sete deputados para a nova legislatura. Minas Gerais, o segundo estado com melhor desempenho do PMDB, elegeu 6. A bancada peemedebista hoje no Congresso soma, ao todo, 66 deputados. Está atrás apenas do PT, que tem 70, e à frente do PSDB, com 54.
 

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