sábado, 31 de janeiro de 2015

Domingo, 1º de fevereiro de 2015


Centro-esquerda se 


consolida na Itália

 Miguel do Rosário                  

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Já que a barra tá pesada no Brasil, vamos relaxar um pouco olhando para o outro lado do oceano.
O fim de semana começou com uma boa notícia para a Itália.
O novo presidente italiano é Sergio Mattarella, veterano da centro-esquerda italiana.
A decisão do parlamento italiano configura uma importante vitória do atual primeiro-ministro Matteo Renzi, do Partido Democrático, principal partido da esquerda italiana e hoje o mais importante no Congresso da pátria de Ettore Scola.
A vitória de Mattarella foi uma sova sobre a oposição, como se vê no gráfico acima. Ele ganhou bem mais votos do que o necessário.
Com este movimento, o Berlusconismo e a extrema direita italiana dão um passo atrás.
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ROMA (Reuters) – Parlamentares italianos elegeram neste sábado Sergio Mattarella, um juiz do tribunal constitucional e veterano político de centro-esquerda, como presidente, dando uma vitória política ao primeiro-ministro Matteo Renzi.
Após três rodadas inconclusivas de votação nesta semana, em que era necessária uma maioria de dois terços, Mattarella(ao lado), o candidato de Renzi, foi eleito na quarta rodada, quando o quorum exigido caiu para uma maioria simples.
À medida que os votos foram contados em voz alta na Câmara dos Deputados, os 1.009 parlamentares e autoridades regionais elegíveis para votar explodiram em aplausos quando o nome de Mattarella ultrapassou os 505 votos necessários, fazendo-o décimo-segundo presidente da Itália desde a Segunda Guerra Mundial.
(Reportagem de Steve Scherer)

Domingo, 1º de fevereiro de 2015

EXCLUSIVO: Nas Ilhas Virgens, nosso 

enviado  conta  como  funcionava

a  empresa de fachada da Globo


Joaquim de Carvalho 
O "endereço" da "Empire": empresa da Globo nunca funcionou aqui
O “endereço” da “Empire” nas Ilhas Virgens: empresa “era só no papel”, diz advogado

Em uma nova reportagem da série sobre a compra dos direitos da Copa do Mundo de 2002 pela Globo, o jornalista Joaquim de Carvalho foi às Ilhas Virgens contar in loco como funcionava a empresa de fachada. Joaquim esteve no paraíso fiscal e visitou a suposta sede. As demais matérias podem ser encontradas aqui.                                   

O dia amanhece com galos cantando em pleno centro de Road Town, capital das Ilhas Virgens Britânicas, no Caribe, onde, em 2001, a Rede Globo comprou uma empresa por cerca de 220 milhões de dólares. O que poderia haver de tão valioso no Caribe para que a Rede Globo fizesse um investimento deste porte?

O esconderijo para um tesouro é a resposta mais apropriada. Exatamente como no tempo dos piratas, que por sinal fizeram história por aqui, como o lendário Barba Negra. E para piratas no passado, assim como para sonegadores de impostos, corruptos, traficantes de drogas e de armas no presente, o melhor lugar do mundo é onde se pode guardar a riqueza ilícita longe dos olhos das autoridades. Um paraíso. Isso é Ilhas Virgens.

Quem conhece bem os meandros deste paraíso fiscal é o advogado brasileiro Marcelo Ruiz, que desde 2011 trabalha para um escritório de recuperação de ativos instalado no centro financeiro de Road Town. Seu trabalho é descobrir quem está por trás das empresas abertas no país, que integra a Coroa Britânica, e repassar os dados para os escritórios das nações onde correm processos — Cayman, Suíça ou Brasil, por exemplo.
Ele, evidentemente, não trabalha sozinho. Além dos advogados de todos os continentes que dividem com ele um andar inteiro no edifício Fleming House, onde está uma das maiores empresas de telefonia móvel do país, a Lime, ele trabalha com a Kroll e outras empresas de investigação formada por ex-agentes da CIA, Scotland Yard e FBI.

Essas empresas trabalham para a gente como suporte. Mas quem repatria são os advogados”, diz. Tudo com base na lei. No passado, era quase impossível chegar aos criminosos. Mas a Justiça no mundo inteiro tem reconhecido o direito da vítima de identificar seus algozes e reparar o dano, inclusive o financeiro – caso de acionista lesado, ex-esposa passada para trás na partilha e nós, o povo, no caso da sonegação ou da corrupção.

Havendo um processo judicial, mesmo que em outro país, a justiça reconhece o direito de quebrar o sigilo da empresa sob sua jurisdição”, explica Marcelo.
Foi assim que escritórios parceiros da banca onde Marcelo trabalha repatriaram o dinheiro da corrupção no caso do juiz Nicolau dos Santos Neto, o Lalau, e do ex-prefeito Paulo Maluf, de São Paulo.

Marcelo não entra em detalhes por conta de cláusulas de confidencialidade, mas admite que seu escritório trabalhou no caso em que Ricardo Teixeira foi acusado de receber propina para favorecer emissoras de televisão na venda dos direitos de transmissão da Copa do Mundo. O suborno foi depositado numa conta de empresa aberta nas Ilhas Virgens Britânicas. Ricardo Teixeira fez acordo com a Justiça na Suíça, sede da Fifa, pagou multa milionária e se safou de uma condenação. Mas teve que se afastar do futebol profissional, e vive num autoexílio na Flórida, Estados Unidos.

Road Town não é a única coincidência que une a Globo a Ricardo Teixeira. Assim como o ex-presidente da CBF e dirigente da Fifa, a Globo também buscou refúgio naquele paraíso fiscal. Em junho de 1999, através de outra empresa offshore, a Globo abriu a Empire Investment Group Ltd., com capital de aproximadamente 220 milhões de dólares.

Em 2001, a Globo comprou, através de sua matriz brasileira, a mesma empresa. Informou ao Fisco que buscava expansão no mercado internacional de TV, e omitiu o fato de que a empresa já era dela. Mais tarde, quando investigou a Globo, a Receita Federal descobriu a fraude.

O auditor fiscal Alberto Zile escreveu: “As operações arroladas dão a clara ideia de que vários atos praticados pela fiscalizada estavam completamente dissociados de uma racional organização empresarial e, consequentemente, de que a aquisição da sociedade empresarial nas Ilhas Virgens Britânicas foi apenas um disfarce de uma aquisição dos direitos de transmissão,  por meio de televisão, da competição desportiva de futebol internacional, com intuito de fugir da tributação”.

A Empire era titular dos direitos de transmissão, comprados por outra offshore da Globo junto a uma intemediária da Fifa, a ISL. A Empire, apesar de possuir um bem tão valioso como o direito de transmissão da Copa do Mundo, funcionava sem sede própria nas Ilhas Virgens.

A Empire dividia o mesmo endereço da Ernst & Young Trust Corporation, com a qual compartilhava também a caixa postal. “Com essas informações, não resta dúvida, a Empire era só papel, não tinha atividade nenhuma”, diz o advogado brasileiro que trabalha em Road Town desvendando o que há por trás das offshores.

Quando cheguei a Road Town, através de um barco que faz a travessia de Saint Thomas, nas Ilhas Virgens Americanas, onde tem um aeroporto maior, fui procurar a Empire. “Nunca ouvi falar”, disse o funcionário de uma empresa de informática no térreo do prédio onde funcionava a Ernst & Young.

Já prestei serviço para muitas empresas daqui, mas nunca soube que existisse essa empresa Empire. Duzentos e vinte milhões de dólares? É muito dinheiro…”, comenta o taxista Roy George, um dos poucos que aceitam se identificar num assunto “muito delicado”, como observa o dono de uma empresa vizinha da Empire.

A Ernst & Young dividia a mesma caixa postal com a Empire
A Ernst & Young dividia a mesma caixa postal com a Empire

Os documentos de fundação da Empire trazem apenas a assinatura de uma procuradora autorizada, Nancy E. A. Grant, e de uma testemunha, Hellen Gunn Sullivan. Eu procurei as duas, primeiro no antigo escritório da Ernst & Young, no Jayla Place. “Eles se mudaram”, informou a gerente da Appleby, empresa que também administra offshore (legal, como informa em seu site), que agora ocupa a metade do terceiro andar do edifício antes sede da EY.

A Ernest & Young foi para outro endereço, mais distante do centro, no luxuoso prédio Ritter House, ao lado da marina The Moorings. “Não conheço nenhuma delas”, diz a advogada que nasceu em Santo Domingo, República Dominicana, que me atendeu em pé, na recepção do escritório. Ao ser informada do assunto, fez questão de esclarecer: «Em Road Town, não administramos mais offshore. Somos uma empresa de contabilidade.»

É um fato. A EY transferiu todas as suas atividades de trust (administração por relação de confiança) para as Bahamas, e vendeu seus ativos (as empresas de papel) para a Tricor, que funciona no prédio do First Caribbean Bank. Carol, a gerente inglesa da Tricor,  demonstrou incômodo quando me apresentei como jornalista brsileiro.

O que você faz aqui?”, questionou, para em seguida dizer que Nancy, a procuradora da Empire (leia-se Globo), era sua antecessora na gerência da empresa. “Ela voltou para a Inglaterra, mas mesmo que estivesse aqui não poderia dar informação. Essas informações são fechadas”, disse.

Certamente, ela não sabe que a propriedade da Empire deixou de ser segredo quando o auditor Alberto Zile, a partir de uma denúncia vinda do exterior, vasculhou os documentos da Globo e descobriu que a Empire foi criada pela própria empresa brasileira. Segundo a Receita, o objetivo era sonegar impostos, o mesmo objetivo de milhares de empresas que se instalam por aqui.

Nas Ilhas Virgens Britânicas, os agentes fiduciários silenciam, mas o galo canta por toda parte, e é comum ver galinhas e pintinhos pelas praças e ao redor das mesas dos restaurantes à espera de que alguém jogue comida. É que a ave vive livre como os pombos no Brasil, embora os moradores gostem da carne no prato. Mas comem apenas o que compram no supermercado.

Muitos séculos atrás, os espanhóis trouxeram as galinhas, e elas foram crescendo, crescendo, e nós gostamos de vê-las por aí”, conta o taxista Roy George, que tem curso superior. O filipino Gilberto Fabian se surpreendeu quando chegou ao país para trabalhar um ano atrás e viu tantas galinhas pela rua. “Em Manila, não ficava uma viva. O povo lá tem fome”, afirma.

As Ilhas Virgens Britânicas têm uma das rendas per capita mais altas do mundo — quase 40 mil dólares por ano, salário mínimo de 2.500 dólares –, graças a uma economia impulsionada pela natureza bela e exuberante e ao suporte nos negócios financeiros. O segredo é a razão do sucesso do mercado financeiro.

Empresas instaladas aqui pagam taxas anuais, que garantem boa receita ao governo, mas não são nada se comparado ao que pagariam de impostos em seus países de origem. Este é um dos motivos da instalação de mais de quinhentas mil empresas, o dobro do número de habitantes.

Existem empresas que se instalam em Road Town, ainda que só existam no papel, e agem dentro da lei em seus países de origens, mas para a Receita Federal não foi este o caso da Globo. Não foram também as praias de água cristalina nem a floresta verde esmeralda que a fizeram aportar por aqui. Ilhas Virgens Britânicas se apresentam como Nature’s Little Secrets. Ou Segredinhos da Natureza. É um slogan que explica alguma coisa.

Um país cujo slogan apropriado é "Segredinhos da Natureza"
Um país cujo slogan apropriado é “Segredinhos da Natureza”

Joaquim Carvalho é jornalista, com passagem pela Veja, Jornal Nacional,                       entre outros. 

Domingo, 1º de fevereiro de 2015


Com ou sem vitória de Cunha, eleição na Câmara trará prejuízo ao Planalto

Jornal GGN - Independente do resultado da eleição deste domingo (1/2), para a presidência da Câmara, a leitura nos corredores da política é que o Palácio do Planalto sai perdendo em qualquer cenário. Em menor grau, se o candidato do PT, Arlindo Chinaglia, vencer a disputa contra os adversários Julio Delgado (PSB), Chico Alencar (PSOL) e Eduardo Cunha (PMDB) - este último, dono do favoritismo. Mesmo com sucesso do petista, Dilma levaria para casa um PMDB enfurecido pela derrota e disposto a se deixar liderar, mais uma vez, pelo deputado fluminense que mais causou dor de cabeça durante o primeiro mandato da presidente.
Mas o prejuízo com a vitória de Eduardo Cunha, o principal desafeto do Planalto, seria maior. Afinal, ser presidente da Câmara é dispor de um cargo que só perde em relevância para a presidência e vice-presidência da República. Cunha, além de estar na linha sucessória de Dilma, teria poder para arquivar ou dar prosseguimento a pedidos de impeachment contra a presidente. E ditaria a velocidade com que projetos de lei que interessam ao Planalto seriam tocados na Câmara. 
O conflito declarado e preocupação do governo com Cunha são tão grandes que na última sexta-feira (30), durante entrevista a uma rádio, Chinaglia afirmou que, se não estiver no segundo turno da eleição para presidente da Câmara contra o peemedebista, dará seu voto pessoal a Julio Delgado, oficialmente o candidato de oposição ao PT, com apoio do PSDB. "Não há acordo de apoio [entre PT e PSB], nem pedi reciprocidade, mas eu também sou eleitor", explicou Chinaglia. Segundo ele, mesmo que o PMDB seja da base aliada, é impossível votar em Cunha após a campanha agressiva que ele encabeçou nas últimas semanas.
O retorno dos trabalhos da Câmara acontece neste domingo, às 10 horas. Quem coordenará a Casa é o deputado Miro Teixeira (Pros), por somar 69 anos e 11 mandatos. Ele proclamará o nome dos 513 deputados eleitos. Na sequência, até às 13h30, serão definidos os blocos parlamentares. Às 14h30, a primeira reunião de líderes buscará consenso para a distribuição de cargos da Mesa Diretora e comissões.
O prazo para registro de candidaturas à presidência da Câmara e demais cargos da Mesa Diretora se encerrará às 17h. A eleição é iniciada às 18 horas. A votação é secreta e feita em 14 urnas eletrônicas. Os deputados votam eletronicamente para os 11 cargos da Mesa Diretora da Câmara de uma vez. Ao fim da votação, os votos para presidente são apurados. Se um dos postulantes obtiver a maioria dos votos (metade mais 1), estará eleito e assumirá a mesa, dando prosseguimento à eleição dos demais cargos. Caso contrário, acontece o segundo turno entre os dois mais votados. A campanha de Chinaglia conta com essa hipótese.

Brasil galga  2 posições e

fica em 5º no 'ranking'       

mundial de investimentos

Miguel do Rosário       
brazil
Enquanto a nossa imprensa usa carga total para pintar a nossa economia com tintas negras, o mundo continua acreditando no Brasil.
Segundo relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), divulgado nessa sexta(30), o Brasil galgou duas posições, passando de sétimo para o quinto país que mais recebeu investimentos estrangeiros diretos, no ranking mundial.
O Brasil recebeu US$ 62 bilhões em 2014, queda de 3% sobre o ano anterior. Na média mundial, porém, a queda foi de 8%.
O Brasil ficou à frente de todos os países europeus.
Apenas China (continente e Hong Kong), EUA e Cingapura ficaram à nossa frente.
Para fazer uma 'citação(AQUI) culta(rsrs)':  “Se isso é tá na pior, porran!”

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Por que tanto ódio ao 

PT? Marx explica tudo


Paulo Metri (*),                    
no Correio da Cidadania


KARL MARX 1jpgNos últimos tempos, há pessoas, principalmente da classe média, que odeiam com toda alma o PT. Não conseguem pensar com isenção sobre qualquer questão em que esse partido esteja envolvido. Reagem emocionalmente, inclusive sem a possibilidade de existir um diálogo construtivo com elas. Não ouvem argumento algum se ele ressaltar um aspecto positivo do PT. Essa reação emocional é, em grande parte, de responsabilidade da mídia tradicional, que é parte integrante do capital. Os transbordantes de ódio nem entendem que são manipulados.

Assim, em que se baseia o ódio ao PT? A disseminação de ódio a quem está no poder por quem quer passar a deter este poder é velha na política. Foi isto que Carlos Lacerda fez com relação a Getúlio Vargas, buscando transmitir a idéia que existia um “mar de lama no Palácio do Catete”, acusação esta nunca comprovada. Portanto, não acreditem que o PT é o partido mais corrupto de todos os tempos. Existem integrantes dele, inclusive alguns da cúpula, que foram flagrados em transgressões com o dinheiro público, assim como existem idênticos políticos em outros partidos.

Recuperando a história, a população não ficou tão indignada com os roubos dos anões do orçamento, dos governadores que se beneficiavam com os precatórios, de Jorgina de Freitas, de Celso Pitta e daqueles que facilitaram a vida dos bancos Marka e FonteCindam. Tristemente, escândalos de roubos, no Brasil, existem em profusão. A sociedade brasileira foi, até recentemente, muito complacente com os larápios do dinheiro público.

De uma hora para outra, em atitude louvável, uma parte da sociedade começou a não perdoar os desvios comprovados de políticos. Não casualmente, na fase em que o PT está no poder. É claro que a horda descontrolada, exatamente como a mídia a moldou, começou também a acusar sem provas. É uma pena que essa atitude de não transigir com políticos corruptos não tenha surgido anos atrás, pois a Vale do Rio Doce poderia não ter sido vendida tão barata ou se teria descoberto qual era o “limite da irresponsabilidade”, que um tucano de alto escalão mencionou estar vivendo durante a privatização da telefonia.

Então, a pergunta principal passa a ser a razão por que esta correta aversão à corrupção só apareceu tão forte durante a fase do PT no poder. Notar que não estou eximindo de culpa os petistas ou membros de qualquer partido que foram flagrados. Eles devem ser julgados e, se a justiça determinar, devem cumprir suas penas. Respondendo à pergunta, a mídia do capital é a atual “descobridora” da ética na política, um pouco atrasada, mas, ainda assim, uma ação louvável. Exagerou-se na dose de indução do repúdio ao roubo, porque esta mídia tinha o único interesse de colocar um grupo ligado a ela, de “verdadeiros vestais”, no poder e a bandeira da ética veio a calhar.

É certo que a mídia aliada do capital plantou as sementes de ódio contra o PT, mas existiam terrenos férteis. Muitas pessoas buscavam argumentos para terem ódio ao PT, o que traz a nova dúvida. Por que isso? Muitas pessoas têm ódio ao PT pelos seus méritos, apesar de declararem que é pelos seus erros. O PT tirou mais de 30 milhões de pessoas da miséria e mais de 46 milhões saíram da pobreza e foram para a classe média. Trata-se de um feito enorme. Além disso, o PT facilitou a entrada dos filhos dos pobres nas universidades. Resumindo, nunca se viu, neste país, uma melhoria das condições sociais do nosso povo como esta proporcionada pelos governos petistas. Getúlio e Jango, que eram compromissados socialmente, não fizeram tanto, mesmo sendo guardadas as proporções.

É interessante que, para muitos representantes da classe rica, a mobilidade social promovida pelo PT não foi 'tão ruim'. Por um lado, os salários mais altos significam a diminuição da lucratividade. Por outro, representam também maior demanda por produtos e serviços e a possibilidade de expansão dos negócios com aumento dos lucros. O problema mesmo vem da classe média, que tem sido penalizada injustamente por diversos governos, através da inflação de muitos dos seus itens de consumo, superior à inflação oficial, que corrige seus salários. Esta classe, que é composta basicamente de assalariados, profissionais liberais e pequenos empreendedores, não tem, por exemplo, a tabela de imposto de renda corrigida devido à inflação, o que representa um acréscimo do imposto. Enfim, ela tem razão suficiente para se sentir desprotegida por vários governos, inclusive o dos petistas.

Entretanto, o pior para a classe média é ela se sentir ameaçada com a ascensão de inúmeros competidores. Mais que isto, ela se sente atropelada por pessoas que julga vulgares, porque os restaurantes, os cinemas, enfim, os locais que gosta de frequentar passaram a ficar superlotados. As modas usadas por ela passaram a ser usadas também pela “nova classe média”. As viagens de avião passaram a ter que ser compartilhadas com pessoas que, antes, só viajavam de ônibus. Neste sentido, causou espanto o artigo de uma representante da classe rica em que ela dizia não se conformar com ter que encontrar seu porteiro nos destinos que, antes, eram exclusivos da sua classe.

Desta forma, quem melhor explica a razão principal para se odiar tanto o PT é Marx. Afinal de contas, este partido ousou diminuir o estoque de mão-de-obra barata, quase escrava. Aquela mão-de-obra que aceita qualquer oferta de pagamento, pois tem medo de ir para o grupo dos miseráveis, onde a fome campeia. Neste contexto, a existência dos miseráveis é importante para criar medo aos rebeldes que não se conformam com as condições que lhes impingem. Suas mais-valias precisam ser retiradas.

Peço ao leitor que, em exercício de abstração, se imagine um miserável. Sua vida toda foi acompanhada de uma sequência de agressões, sem conseguir se lembrar desde quando. Lembre-se de muita fome, persistente, que a comida escassa nunca abate. Lembre-se das dores físicas oriundas das pancadas dadas por adultos e crianças mais velhas, até as dos bandidos e policiais de hoje. Lembre-se dos sofrimentos quando seu corpo não está bem, o que é frequente, e das filas no atendimento de saúde pública, que é a sua única esperança para aliviar a dor. Lembre-se como é perigoso e duro dormir na rua. Lembre-se da humilhação quando pretende um emprego e não consegue por falta de instrução. Lembre-se de como outros lhe enganam e roubam. Lembre-se que não há um momento de descanso nem de paz. Agora, imagine um governo, que você não sabe nem de onde surgiu e espanta a maior parte destas mazelas.

Por tudo isso, o partido PT merece respeito. Quem não tiver respeito a esse partido, a bem da verdade, está desrespeitando a solidariedade humana. Não se pode enxovalhar um conjunto inteiro de integrantes de um partido por causa de um número bem menor de seus representantes que foram crápulas. Eu sou crítico em muitos pontos dos governos do PT, o que já está em outros artigos. Mas reconheço o grande feito da mobilidade social realizado pelo PT. Finalizando, não sou filiado ao PT e nem a outro partido político, porque acredito ser recomendável não ser filiado a qualquer um para ter inteira liberdade ao escrever textos.

(*) Paulo Metri é conselheiro do Clube de Engenharia e colunista do 'Correio da Cidadania'.