quarta-feira, 17 de dezembro de 2014


Cuba e EUA restabelecem relações.

É o início do fim do bloqueio, 

o “Muro” do Ocidente 

Fernando Brito                          
bloqueio
Hoje é um grande dia para os que creem na soberania das nações e na boa-vontade entre os povos.
Cuba e Estados Unidos restabelecem relações diplomáticas e, assim, tornam inevitável o caminho para que cesse o bloqueio norte-americano à ilha, o equivalente ocidental ao Muro de Berlim.
Para os mais jovens, trata-se de restrições às relações comerciais entre os dois países, imposta pelos EUA no início de 1962 (!), como forma de tentar derrubar a revolução liderada por Fidel Castro.
Com ele, qualquer empresa sediada ou com subsidiárias nos Estados Unidos pode ser multada ou até fechada se fizer negócios com a ilha.
Os prejuízos a Cuba chegam a incríveis US$ 1,1 trilhão, segundo cálculos apresentados este ano na ONU, que há décadas exige o fim do embargo, uma  determinação praticamente unânime da comunidade mundial, da qual se excluem apenas Israel e as minúsculas Ilhas Palau, que se declaram estado associado aos EUA.
Ah, sim, e a comunidade 'coxinha' brasileira, que ressuscitou o tal “vai pra Cuba” com 40 anos de atraso civilizatório.
O que, considerando o déficit mental desta turma saudosa da ditadura – na qual 70% não viveram, para ver como era “bom” – até que revela uma certa coerência na estupidez.
É uma grande vitória, também, para dois homens.
Um, o Papa Francisco, que abandonou as pompas e a circunstâncias vazias e atirou-se ao mundo como um verdadeiro promotor da convivência humana.
Suas gestões junto a Barack Obama e Raúl Castro foram o empurrão que faltava para o gesto que, embora obvio, faltava há mais de meio século.
Outro, Fidel Castro, um líder que sobreviveu aos atentados, ao bloqueio, à desestabilização e a inimaginável quantidade de golpes que se desfecharam sobre um pequeno país que, com todas as restrições que se lhe possa fazer, avançou na educação, na saúde, na elevação do ser humano como talvez nenhum outro tenha feito em duas gerações.
Mas ambos, Francisco e Fidel, Cuba e Estados Unidos, ficam pequenos diante do significado de algo que se parece estar querendo ser deixado de lado aqui: a capacidade das pessoas e dos países em conviverem com as diferenças, sem ódios.
Em paz.
E que por isso vale a pena esperar, nem que seja toda uma vida.

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