terça-feira, 28 de outubro de 2014

Presidente   do    TRE / AL lamenta reeleição de Dilma
No Facebook, desembargadora justifica posicionamento alegando que tem o direito de opinar como ‘cidadã comum’
                    
Foto: ROBSON LIMA/ARQUIVO GA
Desembargadora Elisabeth Carvalho posta desabafo no Facebook e afirma que beneficiários do Bolsa Família foram “ameaçados e coagidos” - Foto: ROBSON LIMA/ARQUIVO GA
A presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE/AL), desembargadora Elisabeth Carvalho, usou o Facebook para desabafar após o resultado do 2º turno. Na rede social, a coordenadora das eleições no estado disse estar ‘decepcionada’ com a vitória de Dilma Rousseff e lamentou o desfecho da votação - citando, na postagem no Facebook, os escândalos envolvendo o PT para justificar as críticas.



Na mensagem, a desembargadora chama atenção também para os tímidos números do desenvolvimento da economia brasileira, com destaque para a alta da inflação e o pífio crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Do AMgóes - Conheço a dra. Elisabeth Carvalho Nascimento desde a primeira década de 1960, quando ministrei rudimentos de 'Português' no então curso ginasial do Colégio Cristo Redentor, em Palmeira dos Índios(AL). Em seu périplo estudantil, minha brilhante aluna graduou-se em Direito, habilitando-se, por concurso, às demandas judiciais no   serviço público, em que se houve com notório saber, equidade e desassombro, na função de juíza em nosso Estado. Alçada, por mérito, ao colegiado do Tribunal de Justiça alagoano, instância que já presidiu, cumpre mandato à frente do TRE. 

Todavia, conquanto incoercíveis as oportunidades de que dispomos(os comuns mortais) para interagir no território livre da internet, em meio às diuturnas querelas postadas nas chamadas 'redes sociais', face a prerrogativas legais da livre manifestação, inerentes ao mais comezinho princípio de relação democrática, a liturgia do cargo, a que, até aposentar-se estará pessoalmente vinculada, subtrai à dra. Elisabeth 'trivialidades' como a ora 'vazada na net', repercutida Brasil afora. 

Expondo à luz o voto clicado na urna, nesse último domingo-26, e rejeitando liminarmente o resultado do pleito, a presidente do Tribunal Regional Eleitoral  de Alagoas(deploro dizê-lo) atropela a (soberana e inquestionável) decisão majoritária que reelegeu a presidenta Dilma Rousseff, lastreada na regra constitucional.

O protesto,   textualmente ressaltado como de 'foro pessoal', assume a dimensão de formal 'veredito', face ao caráter, digamos,  'univitelino', aos olhos do senso comum, entre os atos 'de ofício' da juíza e sua vida privada, por mais que os entendamos dissociados.

Não dissecarei as invectivas da postagem, ironicamente agora inseridas no lugar comum dos desabituados, pela via do golpe às instituições, a respeitar 'sentenças transitadas em julgado'. Como sabemos, o voto é um atestado de confiança do eleitor, conferindo plenos e intransferíveis poderes a serem exercidos, em seu nome, pelo outorgado.

Entretanto, rotular de 'analfabetos e miseráveis' os eventuais beneficiários do Bolsa Família, 'ameaçados e coagidos'(como inferido no 'post') a votar na sequência do projeto que os incluiu na vida socioeconômica do país, equivale, doutora Elisabeth, a desqualificar seus(nossos) sofridos coestaduanos assistidos por programas dos governos petistas, pecuniariamente indispensáveis à sobrevivência de no mínimo meia Alagoas submetida, desde sempre, a uma perversa, excludente e coronelesca realidade, diversa, aliás, da promissora em curso nos demais vizinhos do Nordeste.

Por oportuno: saúde, educação segurança são responsabilidades inerentes ao poder público estadual, aquinhoado, em Alagoas,  na última década, por vultosa dotação de verbas federais, ao sabor, porém, como de hasta pública,  de(não refutada) desídia e improbidade dos governantes locais.

As referências a roubos, escândalos, corrupção, constantes da mensagem publicada no Facebook, integram o conjunto de 'tanta coisa ruim desse desGoverno'('ipsis verbis', como digitado) que os oligopólios midiáticos, antinacionais e golpistas, reverberam à exaustão através de seus veículos, absorvidos panfletária e indulgentemente como suprassumo da 'verdade', nada mais que ela, e ponto final.

Convenhamos: desvirtuamentos no trato da 'res' pública deixaram de ser matreiramente engavetados na PGR, como tradicionalmente ocorria, e a Polícia Federal tem protagonizado ações coercitivas que culminam com demandas  de contenciosos criminais, submetidas ao peso da lei nos tribunais.

Para bem da Pátria enxovalhada pelos vendilhões de plantão,  malgrado a cadeia de acendrados e infamantes ataques intramuros ao Brasil que o mundo respeita e o quer como influente parceiro econômico, uma maioria de três milhões e meio de eleitores definiu que o projeto do Partido dos Trabalhadores vai continuar, suscetível, por pertinente, de recorrentes reformulações 'dialéticas', norteadoras de nosso cotidiano.

Com a argúcia e o espírito morigerado que lhe são peculiares, a caríssima magistrada logo perceberá que - além dos sombrios horizontes a que relegaram nossa vilipendiada província ao fundo do poço, na contramão dos demais estados nordestinos e do país, 'noves fora' fortuitos desvios de rumo comportamental - avançamos, pela inserção de milhões, à busca do bem estar social, com justiça e oportunidade para todos.

Conquanto ainda subjacente a recalcitrância do atraso, já contabilizamos notáveis ganhos de credibilidade que, como visto, impedem, mesmo entre arreganhos de xenofobia separatista em nosso quintal, o retorno a receitas neoliberais responsáveis pela ruína de economias no até bem pouco idolatrado 'primeiro mundo'.

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