domingo, 28 de setembro de 2014


Por enquanto, não 


encomendem missa 


por Aécio Neves    

  

Fernando Brito                         
             gangorra
Em nada me surpreenderia se  a “novidade” da pesquisa Ibope, que sairá na terça-feira, for o “empate técnico”, no limite da “margem de erro” do senador mineiro com Marina Silva.
Não apenas porque esta é cada vez mais a “verdade estatística” como porque, depois do Datafolha, o Ibope não vai encarar sozinho a missão impossível de “segurar” Marina .
Não é possível afirmar que Dilma terá vantagem suficiente para evitar um segundo turno, até porque as campanhas do PT, salvo exceções, são um amontoado de erros e, em alguns casos, como no Rio de Janeiro, também de covardias.
Também não se nota, afora os extraordinários esforços de Lula em São Paulo, uma disposição petista para uma arrancada final, com as devidas ressalvas a Minas Gerais e ao Rio Grande do Sul, o primeiro motivado a fechar já no primeiro turno a disputa entre Fernando Pimentel e Pimenta da Veiga e o segundo a passar em vantagem para o segundo turno contra a pepista-aecista Ana Amélia.
Tomara, aliás, que nessa reta final de campanha haja tempo para que Lula dê o apoio devido – e talvez decisivo – para Armando Monteiro (PTB) e meu bom amigo Paulo Rubem Santiago, dois valentes que enfrentam um rolo compressor  pessebista.
Mas se é imponderável se, por estas deficiências, o petismo dará a Dilma forças para uma arrancada final, é certo que a máquina política convencional vai trabalhar.
Já está trabalhando, aliás.
Mas há um problema: embora solidamente unida na oposição ao governo, a direita brasileira não tem líderes e nem mesmo partido, porque o PSDB mingou.
E Aécio é muito ruim como candidato.
O exame mais detalhado dos dados das pesquisas indica que as perdas contínuas de Marina Silva pouco têm se revertido em seu favor. Em quase todas as faixas de renda, o que Marina perde, essencialmente, perde para Dilma.
Entre os que consideravam “regular” o Governo Dilma (38% do total de eleitores) a vantagem de Marina sobre a Presidente, no intervalo de uma semana entre as duas últimas edições do Datafolha, caiu de 14 pontos percentuais(39% a 25%) para apenas cinco (33% a 28%).
O que é sinal de que quando mais se atira (ou é atirada) para uma oposição feroz a Dilma e Lula, mais Marina perde nessa faixa intermediária, sem que esteja conseguindo ampliar seu predomínio entre os 22% que consideram ruim/péssima a administração federal.
Mas se Marina afinar o tom histérico com que ataca o Governo abre espaço para Aécio conquistar votos neste segmento. E perder votos aí poderia significar arriscar-se a uma inversão de posições com o mineiro. É nisso em que ele aposta, ao atacar a ex-senadora por suas origens petistas.
O laço está se apertando sobre Marina, como sintetiza muito bem Antonio Jímenez Barca, hoje, no El País(clique no título para ler).
Ela caminhou tanto para a direita que vai se esboroando ao centro.
E, à direita, vai perdendo o charme na mesma velocidade em que deixa de ser a “esperança verde” de uma derrota do lulismo.
É por isso que Aécio, o “macarrão sem sal e sem molho” ainda não  está fora da disputa totalmente, apesar de ter chegado ao impensável de afundar em Minas, seu suposto feudo eleitoral.
Se ainda faltassem 15 dias para a eleição, eu seria capaz de apostar aqui numa inversão de posições. E a mídia também o faria, em lugar de estar “batendo cabeça” sobre para onde deve soprar nesta reta final.
Ainda assim, não é impossível que o sobe-e-desce a produza. Apesar da inacreditável falta de apelo de Aécio Neves.

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