domingo, 31 de agosto de 2014

Malafaia, o homem que mudou

o programa de Marina,

diz o que pensava dela em 2010

Fernando Brito                      
Não costumo entrar em questões religiosas e nem vou fazê-lo. Absolutamente nada contra os evangélicos, entre os quais já conheci muitas pessoas de grande caráter, humanidade e tolerância, como as conheci em outras ou nenhuma religião.
Mas ontem o senhor Silas Malafaia entrou como um furacão na campanha eleitoral, não apenas para manifestar seu apoio a um candidato (ele diz apoiar o Pastor Everaldo, mas já afirmou-se “marinista” do segundo turno) mas para humilhar publicamente Marina Silva, fiel de sua igreja, a Assembléia de Deus, e faze-la voltar atrás em compromissos assumidos publicamente em seu programa de governo.
Exigiu-o e conseguiu quase que imediatamente.
Não precisou esperar nem pela terça-feira, prazo fatal de seu ultimato à candidata.
Passou, portanto, à condição de agente no processo político.
É justo, portanto, que se recorde o que ele dizia da candidata que vai apoiar e sobre a qual exerce, também nas suas ações políticas, o papel de condutor que se demonstrou no episódio.
Este é o vídeo no qual, em 2010, aunciava ter retirado seu apoio à então candidata do PV e passado a dar suporte a José Serra.
De tudo o que diz, deixo claro, discordo. Menos, e apenas, de que as bibliotecas públicas tivessem ao menos uma Bíblia em seu acervo. Não acho nada de mais e eu mesmo tenho uma, sem professar nenhuma religião. Ela faz parte da cultura ocidental, como fazem o Corão árabe e os Vedas hindus da oriental – aliás, inspirado nos Vedas, começou sua luta um dos fundadores do Partido Comunista Brasileiro, a quem conheci no final de sua vida, Octávio Brandão.
Não tenho nenhum problema em dizer isso e nem acho que isso ofenda o laicismo do Estado.
Malafaia tem o direito de apoiar a quem quiser. No momento, porém, em que se converte em tutor de Marina Silva, passa a ser de interesse público saber o que disse dela e o que lhe dirá agora.
Assista ao vídeo a seguir....

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Criando um novo ciclo 

de crescimento

                                    Tomando na Cuia

               
      
                               na TV

     

A pesquisa do Ibope diz

muito mais coisas que

a gente pode imaginar

Analisando a pesquisa do Ibope veiculada na quarta (27) dá pra tirar boas informações e provar que muita água vai passar por baixo dessa ponte: 55% dos pesquisados acreditam que Dilma será reeleita e apenas 17 % apontam para Marina. 67 % dos pesquisados se dizem satisfeitos com a vida que levam e 9 % estão muito satisfeitos. 27 % dos pesquisados acreditam que a melhor campanha é da presidenta Dilma e apenas 13 % de Marina e 14 % de Aécio. Quando perguntado por qual partido o eleitor tem mais simpatia o PT dá de lavada com 19 % e em segundo lugar o PMDB com 4%.  A mídia golpista sonega tais detalhes e promove a empulhação(lembremo-nos de Brizola contra Moreira Franco, no Rio, em 1982). Como afinal o PiG consegue distorcer os números, divulgando à exaustão que Marina reverteria a diferença de 38% que a separaria de Dilma, derrotando sua oponente? Confira na integra a pesquisa aqui : http://goo.gl/Rh5o4D
(Postado por Kiko Machado)


quinta-feira, 28 de agosto de 2014

O Globo diz que versões “não batem”.


 Claro! O jato( de Eduardo Campos) não


 foi “empréstimo”: foi crime eleitoral

Fernando Brito 28 de agosto de 2014 | 22:48            
novojato
O jornal O Globo publica que as “explicações” de Marina Silva sobre a situação do jato que caiu com Eduardo Campos se contradizem com as dadas pelo PSB, em nota oficial.
Não há nenhuma contradição: tudo, inclusive a escolha das palavras, é tortuosamente construído para não dizer a verdade: o avião foi comprado, através de depósitos fraudulentos, feitos através de empresas fantasmas, por um grupo de empresários encabeçado pelo senhor Apolo Santana Vieira, um homem acusado de contrabando.
Nua e crua é esta a verdade e as tais “explicações” ão ser aqui desmontadas de forma muito clara.
1. O “empréstimo”. 
Em primeiro lugar, você empresta o que é seu. Se não é seu, não pode emprestar. O avião não era dos empresários, para que pudesse ser emprestado. Estava sendo adquirido não para o uso daqueles empresários ou de suas empresas, mas específicamente para Eduardo Campos fazer sua campanha presidencial. Tanto é que foi levado à sua aprovação, num voo de teste, em 8 de maio, de Congonhas a Uberaba.
2- O “empréstimo” ia ser “ressarcido”
Empréstimo não é “ressarcido” nem pago. Se é pago, é aluguel, não empréstimos. O seu senhorio não “empresta” o apartamento onde você mora nem você o “ressarce” todo mês. Ele o aluga e você paga o aluguel.
3-Mas poderia haver “aluguel” do avião a Campos e ao PSB?
Poderia, se a AF Andrade ou a Bandeirantes Companhia de Pneus fossem empresas de táxi aéreo, o que não são, Neste caso estariam exercendo uma atividade ilegal, para a qual não habilitadas. Empresas de táxi aéreo poderiam até doar horas de vôo ao candidato, desde que as declarassem assim, contabilizando pelo valor que têm. Mas uma empresa só pode doar serviço se este for um serviço que presta nas suas própria funções. Se for serviço de outra empresa, estará pagando e, então, não pode fazer, tem de doar o dinheiro ao candidato e ele que pague.
4- Quem pagou três meses de despesas do avião?
Um jato não voa centenas de horas sem custos significativos. São milhares de litros de querosene de aviação, salários, alimentação e diárias de hotel de dois pilotos, hangar, taxas aeroportuárias. Fazer cada uma estas despesas significa assumir o controle operacional do avião e, até agora, ninguem seque dignou-se a perguntar quem os pagou.
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Vejam que sequer entrei na questão das irregularidades da compra do avião, feita de maneira ardilosa e ilegal. Essa é a questão de legislação fiscal e penal.
Trato apenas da questão sob o ponto de vista da lei eleitoral, que está sendo esbofeteada publicamente pelo PSB e por sua candidata.
Se o Ministério Público e a Justiça Eleitoral permitirem que isso siga sem uma responsabilização, por medo “do que a mídia dirá”, porque boa parte “marinista”, será melhor revogar toda a legislação que trata de doações e de uso do poder econômico a candidatos. Qualquer um pode dar-lhes o que quiser, como quiser e deixar para passar recibo ou assinar contratos lá no final, muito depois de dados os votos do povo.
Eu não estou sugerindo que a candidatura Marina seja cassada, que isso fique claro. Ela – e já se disse isso aqui – não tinha a obrigação de saber dos detalhes do avião conseguido por Campos e seria natural que aceitasse a sua versão. Marina é, e só depois que encampou esta farsa,cumplice na ocultação de um crime eleitoral.
É isso o que precisa ficar claro: que há um crime eleitoral. E quem o encobre, acoberta e deixa de agir diante dele torna-se cúmplice deste embrulho que a fatalidade expôs ao Brasil.

O segredo de Marina

                                                
Nilson Lage (*) especial para o 'Tijolaço'

                      

Desde os governos de Getúlio Vargas, que formataram a vida pública brasileira, as lutas políticas se vêm travando entre postulações ideológicas que conflitam em duas vertentes:
• o nacionalismo (entendido como afirmação do país, território e Estado, não de etnias) oposto ao liberalismo modernizador ou entreguismo (objetivamente, a submissão à esfera de poderdos Estados Unidos);
• a produção de conhecimento próprio da realidade nacional, oposto à importação acrítica da reflexão estrangeira (americana, europeia – dominantemente francesa) fundada em outras experiências nacionais.
A primeira dessas contradições é bem conhecida: opôs Getúlio (e os trabalhadores organizados, a instituição acadêmica da época, parte das forças armadas – essencialmente o exército – , produtores rurais voltados dominantemente para o mercado interno) à UDN (a maior parte da elite jurídica e tecnológica, setores bancários, exportadores e importadores).
Da vitória da corrente entreguista em 1964 – que não durou muito: a lógica do pensamento militar logo geraria o retorno a soluções nacionais em áreas sensíveis, como a informática, a energia nuclear e a indústria de defesa – resultaram o aguçamento dos conflitos internos no país e enorme desgaste político das forças armadas, antes (no tenentismo, na FEB) tidas como vanguarda modernizadora.
O instrumento para cooptação dos militares foi a aceitação de um único rótulo para todo pensamento político que não convergisse com os interesses multinacionais – o “comunismo”, então, como, hoje, o “islamismo” ou o “terrorismo.” Ora, os partidos comunistas no Brasil sempre foram essencialmente organizações de classe média, tocadas por militares, principalmente na década de 1930, e por intelectuais (dos melhores do país), no pós-guerra. Tratou-se de ocultar a natureza nacional específica do trabalhismo de Vargas e seu antagonismo histórico às tentativas de organização das classes trabalhadoras pelos comunistas.
O entreguismo triunfou ao destruir o que restava da imprensa que poderia contrariá-lo: a Rádio Nacional, poderosa estrutura de Estado resistente ao engajamento político, foi anulada na década de 1950, e a mídia perdeu, em poucos anos, núcleos de inteligência consolidados ao longo de décadas, em torno de veículos como o Correio da Manhã, o Diário de Notícias ou o Jornal do  Brasil.
O discurso único, propagado por poucas empresas integradas ao setor bancário e coordenadas no plano continental, sobrepôs-se à diversidade da produção cultural antes característica do país, tanto em termos regionais quanto de classes sociais, e manteve aceso o espírito do liberalismo, que teria seus anos de glória nas negociatas da privatização, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.
A reação inevitável sobreveio com a eleição de Lula e seu governo, que recuperou em pouco tempo os ideais de Vargas. Foi um processo sofrido (os governos militares toleravam, até certo o ponto, o PT como alternativa “moderna” ao getulismo e ao comunismo; essa imagem foi ainda dominante na campanha eleitoral de 1979, que contrapôs Lula a Brizola) e incompleto (há núcleos de resistência, aqui e ali), mas dele resultou mudanças sociais importantes e a afirmação da eficácia de soluções econômicas não liberais na linha do pensamento keynesiano.
Diante dos resultados alcançados, resta ao conglomerado neoliberal – ou entreguista –denunciar a corrupção (que é estrutural e, no plano do governo, pode apenas ser combatida) e prenunciar tragédias futuras.
No entanto, há novo espaço a ser ocupado. A invasão cultural que o Brasil sofreu nas últimas décadas trouxe não só avanços nas ciências da natureza, na tecnologia agrícola e na medicina, mas também promoveu transformação radical no pensamento dominante em ciências humanas e sociais, com ampla repercussão no discurso dos meios de comunicação e no comportamento de grupos intermediários nos centros urbanos.
Na Antropologia, na Sociologia e nas ciências econômicas, o que se defendia era a administração e a superação paulatina das contradições; agora, o que se busca é expô-las e aguçá-las.
Na sociedade real, isso deságua em conflitos que tendem a submergir a política. Num país em que a maioria das famílias é multirracial, o realce dado aos conflitos étnicos fere relações consolidadas, com grande custo emocional; quando a tolerância sempre se antecipou à lei, em questões como a homossexualidade, a sexualidade adolescente, o adultério etc., a exposição agressiva desses comportamentos motiva o questionamento de valores e desperta reações muito variadas. Disso tiram proveito as novas religiões pentecostais que se implantaram no Brasil ocupando o vazio deixado pelo recuo institucional da igreja católica sob o reinado de Vojtila e Ratzinger.
É para esse espaço – menos de intolerância, mais de perplexidade – que converge parte do pensamento oposicionista, em sua falta de perspectivas no quadro da política tradicional.
Eis aí o cacife político de Marina Silva.

(*) Nilson Lage é jornalista, professor aposentado de Jornalismo pelas UFF, UFRJ, UFSC; autor, entre outros, do livro “Ideologia e Técnica da Notícia”, pioneiro nos estudos de Comunicação no Brasil.

Marina,  o  xale  e  o relho da nova política

     

Saul Leblon

Arquivo
Imagine o seguinte roteiro espetado nas entranhas de uma agremiação política de esquerda:

Um jatinho carregando um candidato a Presidente da República e mais seis pessoas espatifa-se em Santos no dia 13 de agosto.
Todos os seus ocupantes morrem.
A caixa preta do avião está muda.
Uma outra caixa preta, porém, passa a emitir sinais intrigantes no curso das investigações.
A aeronave, descobre a Polícia Federal, não tem dono conhecido. Sua documentação é ilegal.
O partido do candidato morto não contabilizou o seu uso na prestação de contas ao TSE.
AF Andrade – empresa que aparece como última proprietária no registro da Anac, tirou o corpo fora.
Afirma que já havia repassado o avião a outro empresário, que o emprestou para um outro, ligado à campanha do presidenciável morto.
Um labirinto típico das rotas do dinheiro frio desenha-se então nas provas de um suposto leasing do avião, envolvendo pagamentos feitos por laranjas que vão de uma peixaria de Recife a escritórios localizados em lugar nenhum…
Entre as poucas pistas sabe-se que a autorização de uso na campanha teria sido feita pelo empresário João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e o empreendedor Apolo Santana Vieira.
Vieira responde a processo criminal por sonegação fiscal na importação fraudulenta de pneus pelo Porto de Suape, que fica no estado de origem do candidato morto no acidente.
A fraude gerou prejuízo de R$ 100 milhões aos cofres públicos de Pernambuco, de acordo com os autos da Justiça Federal.
Na verdade, segundo PF, duas aeronaves usadas pela candidatura agora liderada pela ex-senadora Marina Silva foram arrendadas pela mesma Bandeirantes Pneus, de Pernambuco, de propriedade do mesmo Vieira, incriminado no mesmo processo milionário de sonegação.
O valor do jatinho equivale a uma taxa de 20% sobre o total da fraude de que Vieira é acusado.
Em sua defesa, o empresário alega que apenas manifestou interesse na compra do avião, mas a operação de transferência não chegou a ser efetivada. E devolve a bola ao ponto inicial do labirinto: a empresa AF Andrade – que aparece como proprietária no registro da Anac…
Repita-se: imagine esse roteiro espetado nas entranhas de uma agremiação política de esquerda. Ademais dos registros incontornáveis, que tem sido feitos, reconheça-se, que tipo de campanha ensejaria nas fileiras dos savonarolas da mídia, do colunismo da indignação seletiva e das togas justiceiras?
Estamos no campo da ‘nova política’, porém.
E isso altera de forma significativa as fronteiras da tolerância ética.
Se ainda restava alguma dúvida sobre o que significa esse termo ela foi dissipada no debate da Bandeirantes desta 3ª feira pela sua expressão autonomeada, Marina Silva, que fez uma empolgada defesa da ‘elite brasileira’.
Ademais dos elogios à progenitora programática, Neca do Itaú, a candidata do PSB creditou ao dono da Natura, o milionário Guilherme Leal, outro esteio da ‘nova política’, um epíteto sonoro: ‘uma pessoa que dedicou a vida ao desenvolvimento sustentável’.
É mais ou menos como dizer que o bilionário Warren Buffet –que agora investe na interação entre Burguer Kings e a rede canadense de rosquinhas Tim Hortons– faz parte da elite humanitária, por dedicar a vida à luta contra a fome.
Marina é o PSDB de xale.
E nisso reside o seu potencial; ao mesmo tempo, a sua vulnerabilidade.
O xale enlaça o desejo justo e difuso por ‘mudança’.
Há quem acredite, sinceramente, que uma candidatura que tem como formuladores os hiperneoliberais Eduardo Gianetti e Andre Lara Resende, personificará algo inédito na política brasileira.
Marina é o pleonasmo do PSDB.
Graças ao xale, porém, teria aberto uma vantagem de 10 pontos sobre o candidato tucano Aécio Neves, segundo o Ibope.
E num segundo turno contra Dilma, aventa o instituto, Marina e o xale venceriam, cavalgando um crescimento de 16 pontos, contra apenas dois da atual Presidenta.
A aposta do Ibope é ousada: ‘contra Dilma, todos querem Marina’.
A campanha curta, reconheça-se, favorece o engodo mudancista do qual ela se declara portadora.
O instinto omnívoro do conservadorismo faz o resto: ‘tudo menos o PT’, exalta a mídia.
Por que não, entoam os endinheirados batendo na mesa, se debaixo do xale existe alguém disposto a entregar o Estado a quem sabe das coisas?
Os centuriões da república do dinheiro, gabaritados a desencadear a plena restauração do neoliberalismo na economia e na sociedade brasileira.
Não é uma frase-carimbo.
É a síntese do que defende aquela que se avoca a sentinela avançada do ‘novo’.
‘Contra tudo o que está aí’.
Reiterado de moto próprio ou através de porta-vozes desde a largada de sua candidatura no ano passado.
Por exemplo:
‘(…) a ex-senadora Marina Silva (PSB) defendeu o retorno à austeridade fiscal, empenho no combate à inflação e a adoção de uma agenda para simplificar a economia em apresentação a clientes do banco CreditSuisse na sexta-feira. (…) A ex-senadora defendeu a volta do tripé macroeconômico baseado na adoção de metas de inflação, câmbio flutuante e política fiscal geradora de superávits primários. Conforme relato de investidores que estiveram no encontro, ela disse que o tripé “ficou comprometido e é preciso restaurá-lo (…) Marina afirmou discordar do expansionismo fiscal adotado pelo governo e defendeu que o país volte a gerar superávits primários “expressivos, sem manobras contábeis” (…) o câmbio deve voltar a flutuar livremente, sem tantas intervenções do Banco Central (…) na avaliação dela, o combate à inflação foi relegado pelo governo. Para recuperar a credibilidade, afirmou, é preciso dar ao mercado sinais (NR: juros) claros, “quase teatrais”, de que a inflação será levada ao centro da meta’.
O evento assim relatado pelo jornal Valor Econômico, em 14/10/2013, foi bisado na forma e no conteúdo nesta 3ª feira (26/08/2010), segundo a Folha de SP, que descreve um novo encontro a portas fechadas entre emissários de Marina –Walter Feldman, Bazileu Margarido e Álvaro de Souza (Ex-presidente do Citibank) , e investidores nacionais e estrangeiros.
Neca do Itaú garantiu a sede do seu banco para a realização do bate-papo.
Enquanto a turma 'hard' diz a que veio a ‘nova política’, a candidata 'light' distrai quem de fato pode lhe dar votos para implementá-la.
Aqui entra sua especialidade.
Na mesma edição de 14/10/2013, o jornal Valor trazia uma ‘esclarecedora’ entrevista, na qual Marina Silva extravasa essa cosmologia escalafobética.
Vale a pena ler de novo:
Valor: Há alguma contradição entre sustentabilidade e o ideário econômico que a senhora defende?
Marina: Não há contradição (…) Nosso desafio, nesse início de século, é integrar economia e ecologia em uma mesma equação.
Valor: Como se faz isso?
Marina: (…) vamos ter que “ressignificar” a experiência econômica, social e cultural que temos, a partir delas mesmas. É uma espécie de mutação.
Valor: Mutação?
Marina: Sustentabilidade é uma visão de mundo, um ideal de vida. Esse ideal vai se realizar na forma de novos projetos identificatórios (…)
Baixa o xale, rápido.
Uma narrativa suficientemente etérea para ‘ ressignificar’ tudo e não mudar nada. E nessa complacente sanfona incluir desde justas aspirações por novas formas de viver e produzir , a alianças com Bornhausens e assemelhados, em contraste gritante com a pureza esvoaçante do invólucro entrelaçado com fibras da floresta amazônica.
O simulacro envolve riscos tão evidentes ao país quanto aqueles inerentes à vitória do caçador de marajás, em 1989. Que só foi possível graças a uma determinação cega das elites e de seu braço midiático de correr qualquer risco para dissociar o PT do poder.
A determinação é a mesma 25 anos depois.
Com um agravante: a candidatura Marina aguça apetites há muito reprimidos.
Vivemos dias extraordinários.
As ferramentas da rotina eleitoral não servem mais.
Ao contrário do economicismo adotado até aqui, é preciso explicitar a essência do conflito político radicalizado pela elite brasileira, contra a construção de uma democracia social no país.
Nele, o xale de Marina Silva cumpre o papel do velho pelego: afaga o lombo contra o qual o dinheiro quer estalar o relho de um ajuste implacável.
Feito de muita fé. Mas sem piedade.