sábado, 24 de maio de 2014

‘Não temos complexo de vira-lata’, rebate Dilma sobre declaração do ex-jogador Ronaldo


  • Presidente respondeu às críticas do pentacampeão mundial, que declarou estar envergonhado com a má organização da Copa do Mundo

                                                         

GERALDA DOCA 

A presidenta Dilma Rousseff, durante 17º Congresso Nacional da União da Juventude Socialista em Cruzeiro Novo/DF
Foto: Givaldo Barbosa
A presidenta Dilma Rousseff, durante 17º Congresso Nacional da União da Juventude Socialista em Cruzeiro Novo/DF Givaldo Barbosa
BRASÍLIA — Azedou o clima entre a presidente Dilma Rousseff e ex-atacante Ronaldo, que em entrevista concedida nesta sexta-feira, disse estar envergonhado com os problemas da má organização para a Copa do Mundo. Sem citar o jogador, com quem há alguns meses fez um bate-bola no Twitter para promover o evento, a presidente respondeu afirmando que o Brasil não tem complexo de vira-lata. Aproveitando o palanque do PCdoB, em discurso de campanha, a presidente disse que o governo brasileiro tomou todas as medidas necessárias para a realização dos jogos.
— O nosso país fará a Copa das Copas. Não temos do que nos envergonhar. Não temos complexo de vira-lata — reagiu Dilma, que também afirmou que seus adversários vão voltar ao passado e colocar o país de joelhos.
As respostas da presidente foram dadas durante sua participação no 17º Congresso da União da Juventude Socialista (UJS), que reuniu 3 mil jovens militantes em Brasília. Os presentes cobraram a revisão da Lei de Anistia, com punição aos torturadores.
Durante o evento, Dilma disse lembrar dos tempos difíceis da juventude. Mas declarou que eles 'tinham rumo' e sabiam o queriam para o país. A presidente aproveitou para alfinetar os adversários Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), sem citá-los.
— Quanto mais nos aproximarmos da campanha eleitoral, mais será charmoso falar da juventude do Brasil. Mesmo os que não fizeram nada pela juventude do nosso país. Mesmo aqueles que já nasceram velhos vão se empenhar. Quero falar com vocês, onde eles estavam? — cobrou Dilma, ao listar as ações do governo petista na educação, voltada para os jovens.
A presidente perguntou onde estavam os adversários quando o PT criou o Prouni, estatuto da juventude, Reuni, o Enem, Sisu, Pronatec, o sistema de cotas nas universidades e o aumento dos investimentos na educação que, segundo ela, cresceram 223% entre 2002 e 2014. Segundo Dilma, o orçamento da Educação pulou de R$18 bilhões em 2002 para R$ 112 bilhões neste ano.

— Onde estavam eles quando o governo conseguiu destinar 75% dos royalties do petróleo para a Educação? — perguntou Dilma inúmeras vezes durante o discurso.
Ela citou ainda o marco civil da Internet, e reafirmou que não permitirá o retorno ao passado.
— Não deixaremos passar o atraso por porta nenhuma — discursou a presidente, insistindo que é a sua agenda que é para o futuro.
No discurso marcadamente em tom de campanha, Dilma disse ser a opção das mulheres, negros, excluídos, pobres e “dos que mais sofrem”.
— Os que querem voltar vão tomar medidas impopulares, como o arrocho salarial, desemprego e recessão. Estamos aqui para dizer que não voltarão!
Antes da chegada de Dilma, os jovens da UJS fizeram um ato em defesa da candidatura da petista, cantando paródias do hit “Lepo Lepo”, incluindo nos bordões palavras de ordem em defesa de Dilma e de ataque a seus adversários. No ato de abertura, os militantes prestaram homenagem às vítimas da Guerrilha do Araguaia, ocorrida entre o fim dos anos 1960 e início dos anos 1970, no sul do Pará e Tocantins, na região conhecida como Bico do Papagaio.
Aldo Rebelo diz que ex-jogador deu "chute contra o próprio gol"
O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, afirmou no fim da tarde deste sábado que a declaração de Ronaldo, membro do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo, deu um "chute contra o próprio gol" ao fazer declaração.
"A frase dita pelo Ronaldo, tomada de forma isolada, é um chute contra o próprio gol, já que ele foi parte do grande esforço para construir a Copa do Mundo" declarou o ministro por meio do site do ministério. "Esse grande evento não será motivo de constrangimento para o país que construiu a sétima economia do mundo e é o maior vencedor de todos os Mundiais. Estou seguro de que não só o Ronaldo, mas todos os brasileiros e turistas estrangeiros que vierem nos visitar terão orgulho, e não vergonha", acrescentou.



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