quarta-feira, 23 de abril de 2014

As novas mentiras sobre Pizzolato

                                        
O procurador Vincenzo Piscitelli, de Nápoles, que investiga as atividades de Valter Lavitola, resolveu entrevistar Henrique Pizzolato, preso na penitenciária de Sant’Anna, em Módena.
A mídia brasileira transformou a entrevista numa sensação, e enfiou Pizzolato num escândalo que não tem absolutamente nada a ver com ele.
O mais desonesto foi o Globo, cuja (AQUI) matéria faz uma malabarismo incrível para envolver Pizzolato num rocambole italiano que, se envolvesse algum brasileiro, seria Nelson Jobim.
Já o vínculo entre Lavitola e Pizzolato é incerto. A Folha apurou que não existe menção ao italiano nos documentos apreendidos durante a prisão do brasileiro.
Pois é, o trensalão tucano traz dezenas de documentos, recibos, emails, etc, e mesmo assim não acontece nada. Os secretários envolvidos não são sequer afastados. Robson Marinho continua ocupando, majestosamente, seu cargo no Tribunal de Contas. Com Pizzolato, como com qualquer petista, não há necessidade de nenhum documento.
Se você ler as matérias, não encontrará nenhuma informação coerente que ligue Pizzolato e Lavitola. Reproduzo algumas mágicas sintáticas do Globo:
— Está tudo muito no início (das investigações), mas poderão surgir coisas — disse Fallica.
“Poderão surgir coisas”… Que frase genial!
Mais um trecho da matéria do Globo:
Lavitola viajou ao Brasil com Berlusconi na visita oficial do premier, em 2010. E a Justiça italiana investiga várias outras viagens que ele fez ao Brasil . Ele já teria ligações com Pizzolato desde a viagem com o Premier. Mas foi no Panamá que Lavitola deixou o seu maior rastro. Conselheiro da Finmeccanica, o segundo maior grupo industrial da Itália (de alta tecnologia), ele é acusado de ter pago 18 milhões de euros (R$ 55 milhões) em propina à autoridades do Panamá, inclusive ao presidente Ricardo Martinelli (que é de origem italiana), em troca de contratos de 180 milhões de euros com a empresa em 2010.
Na falta de qualquer coisa sobre Pizzolato, a matéria vai enfiando acusações contra Lavitola como se falasse de Pizzolato. Observe a frase: “Ele [Lavitola] já teria ligações com Pizzolato desde sua viagem com o Premier”. Que ligações? Eram amantes? Namorados? Amigos? Sócios? Almoçaram juntos uma vez? Não há nenhuma mísera informação, mas é o bastante para amarrar uma denúncia na perna de Pizzolato e lançar ao mar para ver se afunda.
A única informação verídica é que um procurador italiano foi ver Pizzolato e, aproveitando-se do fato dele estar preso, tentou extrair alguma informação do brasileiro. Mas não há nenhum “vínculo”, nem Pizzolato foi arrolado em outro processo. Pizzolato não falou nada porque talvez não saiba exatamente nada sobre Lavitola.
Outra notícia em destaque na mídia é a decisão do Ministério Público Italiano de sugerir a extradição de Pizzolato. Bem, também aí não somos informados corretamente. É praxe do Ministério Público italiano? Quem decide esse tipo de coisa é a Justiça, a quem cabe respeitar o direito dos réus. Tradicionalmente, o Ministério Público tem a função de acusar. É assim no mundo inteiro. Portanto, a sugestão do MP italiano pode não significar nada. A Justiça é quem vai decidir. Pizzolato terá direito ainda de recorrer, dentro do país, e, eventualmente, à corte europeia de direitos humanos.
Dificilmente Pizzolato será extraditado para o Brasil, o que não quer dizer que isso seja impossível. Desde o início, não tive dúvidas de que os tentáculos do poder que agiu, no Brasil, para prender um inocente, não demorariam a mostrar suas garras na Itália. O maior medo da “operação mensalão” é que Pizzolato seja julgado novamente na Itália. Por isso, jogarão todo o peso para que ele seja extraditado de volta ao Brasil, onde os setores do Judiciário e Ministério Público responsáveis pela Ação Penal 470 estão altamente comprometidos com a manutenção da farsa.
Entretanto, prefiro ser otimista, e acreditar que Pizzolato será julgado na Itália, será absolvido, já que possui provas abundantes de sua inocência, e isso será mais um fator que obrigará a Justiça brasileira a rever os erros da Ação Penal 470.
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