sexta-feira, 28 de março de 2014

Programa partidário de TV de Campos   pode ser sucesso de crítica, por conta da estética, mas não de público                            

Ao ver a propaganda partidária do PSB com o governador de Pernambuco e Marina Silva, pensa-se até que foi feita por um marqueteiro infiltrado a serviço de Aécio Neves
 Helena Sthephanowitz                
PSB
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O tom em preto e branco se somou ao desânimo nas falas de Marina e Campos
Colocar Eduardo Campos e Marina Silva dialogando no programa de TV do PSB, levado ao ar nessa quinta-feira (27), foi uma boa tentativa, válida para o governador de Pernambuco tentar receber transferência de votos da ex-senadora, mas, pelo resto do formato, não deu grande resultado.
A escolha de filmar em preto e branco e dar um formato de conversa intimista foi ousado, mas, à medida em que os dois foram falando, ficou um clima soturno, depressivo. Marina em alguns momentos parecia desanimada e abatida em preto e branco. A conversa literalmente mole de Campos dificultava prender atenção no conteúdo. Foi preciso assistir uma segunda vez para não perder a concentração. As falas críticas a Dilma Rousseff tampouco ajudam. Pelo contrário, fazem do programa algo pessimista, fatal para espantar qualquer eleitor.
Numa segunda vez, prestando mais atenção à estética, as imagens em preto e branco já parecem melhores. Mas a fala baixa de Campos, com um conteúdo pouco atraente, passou a imagem de malemolência. Nada bom para quem pleiteia um cargo que exige dinamismo, como a presidência da República. Além disso, nos momentos em que Campos e Marina criticaram Dilma na condução da economia, pareciam vizinhas faladeiras sem apresentar soluções.

Se compararmos a economia e os serviços públicos com um copo d'água meio cheio, onde o eleitor está interessado em eleger alguém que o encha mais, pelo que se viu na TV Campos não poderia ser o escolhido, pois passou os dez minutos só falando que o copo estaria vazio.

Ele também errou ao criticar a Petrobras pelo valor de mercado, um número que flutua, ora descendo, ora subindo, e interessa mais a quem quer comprar ou vender ações, se o governo não vai privatizar, não irá vendê-la, e não há por que mudar os planos futuros para mais do que dobrar a  produção de petróleo. Se houvesse crítica pertinente seria sobre o patrimônio líquido, mas esse indicador da empresa está adequado. Ao atacar a Petrobras desta forma inconsistente, o governador corre o risco de se queimar ao longo da campanha, quando Dilma apresentar novos equipamentos da empresa, como a própria refinaria Abreu e Lima, no estado do governador.

Resolvi assistir uma terceira vez, tirando o som. Dessa vez gostei. De fato a imagem preto e branco bem trabalhada tem seu valor estético, apesar de nem sempre funcionar para a atrair a atenção na TV aberta. Se Campos e Marina tivessem falado coisas mais interessantes,  possivelmente agradasse. Mas não o fizeram.

Assim, o filme pode até ser sucesso de crítica, pela estética, mas é muito difícil que seja sucesso de público.

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