quarta-feira, 19 de março de 2014

Bruno Toscano, organizador da Marcha com Deus 2, deveria responder por            incitação ao crime?                                        

Kiko Nogueira                                            
bruno toscano2
Qual o limite entra a liberdade de expressão e o incitamento ao crime? Qual a dosagem de ódio e insanidade que determina que alguém passou da linha?
Veja o caso do fotógrafo Bruno Toscano.
Bruno é uma das sumidades que apareceram num vídeo como organizadores da Marcha da Família com Deus 2, o Retorno. É ele de óculos escuros, despejando asneiras como “não votaria em alguém menos preparado intelectualmente do que eu”, “imagina eu tendo uma Ferrari, você tendo uma Ferraria, todo o mundo tendo uma Ferrari” e “quem é o dono do mundo é o barão Rothschild”.
Se fosse só mais um maluco anticomunista falando bobagens, tudo bem. Mas Bruno é mais do que isso. Um apologista da violência com obsessão pela “ameaça socialista”, os gays, clamando por um golpe militar e pedindo sangue.
Já era uma figura carimbada na internet, foi processado e denunciado algumas vezes no Facebook. Nascido em Belém do Pará e morando em São Paulo, era administrador de uma página no FB chamada Revoltados Online. No ano passado, convocou seus amigos para um ato contra o Foro de São Paulo que acabou em pancadaria. Skinheads e neonazistas partiram para cima de militantes de esquerda. Uma senhora de 56 anos apanhou.
Adora ameaças e bravatas: “Vamos lançar uma campanha: Cuspa na cara de um político, ministro e abutre togado… É o que 99% deles merecem… Já que cuspiram na cara de nossos bravos militares que impediram a comunização do Brasil na década de 60… Se eles podem, porque não podemos???”
Também sugere justiçamentos: “Está mais do que na hora dos PTraíras serem fuzilados em praça pública de preferência… Assim como os italianos fizeram com Mussoline (sic)”.
No pacote de imbecilidades entram também, claro, as doenças de sempre, como homofobia, racismo (há uma série inacreditável sobre nordestinos) e irresponsabilidade generalizada. O ex-prefeito de Belém Edmilson Rodrigues, do Psol, o processou depois de ser acusado de “roubar o leite das crianças” e de ter “enriquecido ilicitamente”.
Claro que quem o leva a sério são os fanáticos de extrema-direita que, no final das contas, não enchem um microônibus, apesar do barulho que fazem. Mas basta um para uma besteira acontecer. Basta um palhaço, como Bruno. Um palhaço perigoso, que comete diariamente o incitamento de crimes de ódio e intolerância sob o governo que ele chama de ditadura. 
bruno toscano
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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