sábado, 15 de fevereiro de 2014

E se o cinegrafista da BAND

estivesse de capacete?            

Paulo Nogueira                                

Do AMGóes - O cinegrafista da BAND, Santiago Andrade, seguramente estaria vivo(talvez apenas com escoriações), se a empresa fornecesse capacete  para a cobertura de manifestações, fiscalizando  com rigor(didática e até coercitivamente, se fosse o caso) o uso dos indispensáveis equipamentos de segurança por seus profissionais.  A Band, pelo visto, é reincidente: em novembro/2011, outro cinegrafista, Gelson Domingos, portando inadequado colete à prova de balas, foi atingido mortalmente por um tiro, em meio a ação policial contra traficantes de drogas na favela Antares, zona oeste do Rio de Janeiro. Como procede agora, o veículo colocou 'panos quentes'(tirando o...dele da reta) e, passados dois anos, Gelson é página virada, mesmo destino, daqui a algum tempo, da recente tragédia que ceifou a vida de Santiago.  Quem viver, verá...                                                                                                    
Os dois jornalistas que socorreram Santiago estavam de capacete
Os dois jornalistas que socorreram Santiago estavam de capacete
Repare na foto acima.
Dois jornalistas da BBC socorrem o cinegrafista Santiago Andrade, da Band, depois que um rojão atingiu sua cabeça.
Você a vê e conclui, melancolicamente, que Santiago poderia estar vivo, hoje. Bastaria que a Band lhe desse a mesma coisa coisa que a BBC dá para seus jornalistas em áreas conflagradas: capacete.
Ninguém falou nisso, que eu tenha visto — exceto Sininho, a ativista que vem sendo caçada pela direita e pela esquerda ligada ao PT.
Não usar capacete, em protestos como os de hoje, equivale a andar de carro sem cinto de segurança. Pode não acontecer nada. Mas pode também terminar em lágrimas que poderiam ser evitadas.
A coisa mais sensata que a família de Santiago faz, agora, é processar a Band por não fornecido a seu pai material de proteção adequado.
E os jornalistas envolvidos na cobertura de protestos deveriam, com base na tragédia de Santiago, exigir de suas empresas roupas adequadas.
Se as companhias jornalísticas brasileiras fizessem o beabá — acompanhar as melhores práticas do jornalismo que se faz no exterior — Santiago estaria vivo.
(O jornalista Mauro Donatoabaixo, que cobre as manifestações para o Diário do Centro do Mundo, usa capacete.)
mauro
Maurão
Um dos repórteres da BBC, que aparecem na foto socorrendo-o, conta que em sua empresa os jornalistas são treinados para situações de emergência em ambientes perigosos, e recebem material que os protege, como o capacete.
No treinamento, eles aprendem coisas como primeiros socorros. Graças ao treinamento, um dos correspondentes da BBC tirou a camisa para estancar o sangue que jorrava da cabeça de Santiago.
Todo o empenho, infelizmente, não foi bastante para salvá-lo.
Mas outros  Santiagos poderão ficar intactos, ou quase — desde que as empresas de mídia nacional sigam as lições da BBC e de outras grandes corporações jornalísticas internacionais.
Paulo Nogueira
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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