domingo, 16 de fevereiro de 2014

A caça aos ideólogos do 'rojão assassino' e o cinegrafista, sem capacete, no lugar errado

                                                

Do AMgóes - O desvio de foco,  disseminado pela 'grande' mídia e seus seguidores nas redes sociais, destina-se liminarmente em imputar a uma tragédia pontual(como a recente, que vitimou um cinegrafista no Rio de Janeiro) os motivos da exacerbação registrada em meio a manifestações no país, desde o ano passado. O recrudescido 'aperfeiçoamento' do aparelho repressivo estatal, no bojo das herméticas concepções feudais, com seus requintes  dissuasórios de alegado 'efeito moral', na prática de notórias consequências 'letais', gerou mundo afora  radicalizada  e incoercível contraposição nas ruas.

                               
Do dissimulado medo de antigamente, instituiu-se arraigado ressentimento, com decidido confronto às ações policiais. Em toda paarte, viaturas blindadas e outros monstrengos 'modernos' da repressão estatal são enfrentados de peito aberto(obra de indomáveis neokamikazes), por contingentes apetrechados com artefatos de toda sorte que o 'em-cima-do-murismo' classifica como 'armas', ao tacitamente avalizar a intervenção de robocops oficiais, saídos da gênese ficcionista nas telas hollywoodianas para a concretude de nossas ruas. 

O golpe militar de 1964  exercitou, nos subterrâneos da tortura, o refinamento assimilado na famigerada School of Americas, instalada sob patrocínio dos EUA no Panamá em 1946, visando a preparar 'especialistas' nos mais variados e cruéis expedientes 'coercitivos', para eliminar 'potenciais inimigos' na 'guerra fria' política do pós-guerra, a partir da norte-americana 'caça às bruxas''  desencadeada em  Washington pelo senador Joseph McCart(inspirador do abjeto macartismo), entre cujas vítimas sobreviventes figura o gênio do cinema, perenemente celebrado, Charles Chaplin, tido como 'ameaça' à democracia pelos pretensos  novos 'donos' do planeta.
                                                   
A Escola das Américas treinou mais de 60 mil militares da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. Entre seus mais reconhecidos graduados encontram-se importantes instigadores de crimes de guerra ou contra a humanidade, vários deles também estreitamente vinculados aos esquadrões da morte e ao crime organizado, sob beneplácito(e financiamento) da CIA. 
                                          
Voltando à 'vaca fria' de nossas recentes manifestações de rua,  tratam-se de grotesca piada as repisadas notícias sobre a dotação de 'vultosos' 150 reais, supostamente garantida a militantes dos movimentos sociais, agora midiaticamente rotulados de execráveis 'mercenários'(décadas atrás, a indissociável alusão: 'a soldo de Moscou, Pequim e Havana...'). Como se a logística, na organização de qualquer proeminente atividade humana, não implicasse custos de subsistência(deslocamentos, alimentação, pernoite etc). Santa inocência ou inconfessável má fé? 
                                           
Neste ínterim, o fulcro das 'investigações' é desvendar a  'criminosa organização de mandantes',  cujo sumário processo acusatório deverá queimar etapas de tramitação, em tempo de chegar à suprema corte da justiça pátria, cujo presidente, o condestável JB, sai da cátedra em março próximo. Essas lucubrações identificam os via de regra refestelados à janela, entre medos e indecisões umbilicais, conformados em 'ver a banda passar'. 

Dir-se-á brevemente(se já não o fazem a 'boca chiusa'), na 'carga das tintas' sobre os 'meninos'(confessos detonadores do 'rojão assassino'), cujo desvario 'pirotécnico' contra a PM na Central do Brasil  implicou a morte do cinegrafista da Band,  que, 'pensando bem', o pranteado Santiago, por conta de incontrolável afoiteza 'jornalística' e 'inconsequente imprudência'(conforme a simplista teoria do 'quem procura, acha...'), estava justo ali, em lugar errado, sem os equipamentos de proteção que a Band lhe teria conferido e ele, por conta própria, decidira descartar.

Dos limites da 'janela, vendo a banda passar', não há como ler a partitura da música executada, principalmente se for a 'Sinfonia  da História reprimida' ou a 'Elegia aos caídos na luta contra tirânicos dominadores', cujos acordes destoam  da preconcebida audiência voltada às ilusórias, por efêmeras,  amenidades da vida.
                                      
Então ensaiemos o psicodélico  jogral:  "Os comunistas estão voltando... estão voltando os comunistas..."   Assim, locupletemo-nos todos com o 'mais do mesmo', debruçados à janela(em 'rasgo de egoísmo pusilânime', por paráfrase ao machadiano  'alienista'). Finalmente, abramos os 'ouvidos de ouvir' porque, reverberando subversiva e funérea tocata sobre tragédias reais, para desconforto de nossa proverbial tibieza,   a multifacetada banda do cotidiano vai passar...

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