segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Milico nazifascista de pijama, Bolsonaro agride senador com soco no estômago                             

Najla Passos                                                      
                          
Militar da reserva e porta-voz da extrema-direita no parlamento, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) tentou impedir, nesta segunda (23), que uma comitiva civil visitasse pela primeira vez, desde o fim da ditadura militar, as antigas instalações do DOI-Codi no Rio de Janeiro, um dos principais centros de tortura e extermínio do regime. Forçando a barra para entrar mesmo sabendo que seu nome não estava na lista de pessoas autorizadas, Bolsonaro chegou a agredir com um soco no estômago o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), vice-presidente da Subcomissão da Verdade do Senado.

"A única intenção do Bolsonaro era de impedir que a visita se concretizasse. Era de tumultuar a visita. Mas mais uma vez o senhor Bolsonaro fracassou. (...) Ele claramente nos agrediu na entrada, covardemente. Eu e o senador João Capiberibe (PSB-AP) tentamos impedir a entrada dele. E aí o mecanismo foi o ataque por baixo (soco na barriga)", relatou Rodrigues.

Apesar do tumulto, a visita foi concluída. Membros da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro e parlamentares presentes na visita vão solicitar ao Ministério da Defesa que o prédio, onde hoje funciona o 1º Batalhão de Polícia do Exército, seja transformado em centro de memória. “Considero o dia de hoje um dia histórico. Pela primeira vez na democracia, uma comitiva de entidades da sociedade civil e parlamentares de comissões da verdade puderam entrar nas dependências desse local tão macabro”, disse o presidente da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro, Wadih Damous.
Bolsonaro negou a agressão testemunhada por ativistas políticos e parlamentares. E defendeu a tortura praticada no portão do Doi-Codi. “Tortura é uma arma de guerra. Pratica-se no mundo inteiro. Deve ter havido um tratamento mais enérgico aqui sim. E mereciam, se houve, porque queriam impor aqui o socialismo”, afirmou à Agência Brasil.

Cassação do mandato
O PSOL já informou que irá pedir à cassação do mandato do deputado. "Ele usou de violência contra um senador. O Bolsonaro, mais uma vez, extrapola todos os limites", afirmou presidente do PSOL e líder do partido na Câmara, deputado Ivan Valente (PSOL/SP), que encaminhará representação ao Conselho de Ética da Câmara por quebra de decoro, com agravante de agressão física a um senador da República.

A Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal, por meio da presidente, senadora Ana Rita (PT-ES), também vai representar contra Bolsonaro. A argumentação é que o deputado tentou impedir a realização de uma missão oficial feita pela Subcomissão da Verdade do Senado Federal.

Antecedentes
Em 2011, o mesmo PSOL já havia entrado com outra representação contra Bolsonaro, por ofensa moral a então senadora pelo partido, Marinor Brito. Indignada com os panfletos “antigays” distribuídos pelo deputado, Marinor o criticou em pronunciamento no parlamento. Bolsonaro rebateu nos seus termos: "Já que está difícil ter macho por aí, eu estou me apresentando como macho e ela aloprou. Não pode ver um heterossexual na frente. Ela deu azar duas vezes: uma que sou casado e outra que ela não me interessa. É muito ruim, não me interessa”. 

O mesmo documento também o denunciava também por racismo, em função de entrevista concedida ao programa CQC, da TV Bandeirantes, em 28/3/2011, no qual o deputado, questionado pela cantora Preta Gil sobre o que faria se descobrisse que seu filho estava apaixonado por uma negra, respondeu: “Ô Preta, eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro este risco. E meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o seu”.

Apesar da virulência das provas, o processo foi arquivado. O relator, deputado Sérgio Brito (PSD-BA), apresentou parecer pela admissibilidade da denúncia, mas a maioria acompanhou parecer independente do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que entendia o contrário. Mas o caso ainda tramita na Justiça, pelo menos no que diz respeito ao racismo. O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de um inquérito contra o parlamentar.

Processos na corregedoria
Atualmente, dois processos contra Bolsonaro correm na Corregedoria da Câmara, ambos em sigilo. Um deles resulta da denúncia encaminhada no mês passado por mais de 20 entidades de defesa dos direitos humanos, encabeçadas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). 

A motivação: os vídeos divulgados na sua página na internet em que Bolsonaro editou falas de participantes das audiências públicas na Comissão de Direitos Humanos da Câmara, presidida pelo seu parceiro, Marcos Feliciano (PSC-SP), para acusá-los de “pedofilia” ou de “incitação da homossexualidade infantil”.


Fotos: Tânia Rêgo/ABr 

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