segunda-feira, 29 de julho de 2013

Crescimento da economia no Nordeste salva o PIB do Brasil                                 Mesmo com seca, economia da região cresce 2,05% no trimestre e sustenta expansão em torno de 1% na geração de riqueza nacional. Indústria patina e outros setores avançam

Victor Martins                       Correio Braziliense                


Brasília – O Nordeste sustentou o crescimento no primeiro trimestre e ajudou a devolver o Brasil a uma rota de expansão econômica. A região mais pobre do país, que passa por uma das piores secas da história, parece ter descoberto a vocação para os serviços e o comércio, deixa de ser exclusivamente agrícola para se tornar uma economia diversificada e apoiada fortemente no consumo. Enquanto o país avançou 1,05% no início de 2013 – comparado ao último trimestre do ano passado e segundo projeções do Banco Central –, a região cresceu o dobro, 2,05%. O pior desempenho foi o do Centro-Oeste, que obteve uma taxa de 0,51%.

Esse crescimento do país projetado para o primeiro trimestre  é um alívio para o governo, que receava ver, mais uma vez, os bilhões de reais gastos em estímulos nos últimos anos não surtirem efeito. Indicadores de atividade econômica do Banco Central e de instituições financeiras projetam uma expansão ao redor de 1% para o período, número que se confirmado indica que o Brasil avançou acima do seu potencial, uma taxa que se for anualizada supera os 4%.

Esse número, porém, será confirmado na quarta-feira, na divulgação oficial do Produto Interno Bruto (PIB). Por enquanto, o que se sabe é que a indústria ainda patina, o setor de serviços e comércio avança e que o desempenho do início de 2013 foi salvo pelo Nordeste. Com um ritmo tão forte de expansão e sem que a indústria consiga suprir toda a demanda gerada por esse crescimento, os preços dispararam – no acumulado de 12 meses a carestia oficial chegou a 6,49% –, e o país se viu obrigado a aumentar as importações para equilibrar o custo de vida e atender o consumo. Em comparação com o primeiro trimestre de 2011, o Brasil ampliou as compras no exterior em 6,33% – foram US$ 3,3 bilhões a mais.

Cautela Apesar da expectativa positiva para este início de 2013, parte do mercado prega cautela na avaliação dos números. “Os indicadores de atividade econômica sugerem que houve uma aceleração no ritmo de crescimento no primeiro trimestre, mas esta aceleração tem sido aquém do esperado e é alta a probabilidade de ter sido o ponto máximo do ano”, pondera José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator. Ele e outros economistas observam que os números da indústria têm oscilado bastante, sem chegar a um ritmo de crescimento mais constante. Essa incerteza no segmento, somada aos investimentos em ritmo moderado, torna difíceis as previsões para o fim do ano.

No caso do Nordeste, a forte expansão do primeiro trimestre se explica pela distribuição de renda na região nos últimos anos e pela migração entre classes sociais, um movimento que tirou parte da população da miséria e a inseriu no mercado de consumo. Pernambuco, por exemplo, além do setor de serviços pujante, tem na Região de Suape o que os economistas convencionaram chamar de “Novo ABC Paulista” em função de fábricas e de investimentos que têm sido atraídos para o lugar. No primeiro trimestre cresceu mais que o país, avançou 1,22% contra o último período de 2012. A Bahia também apresentou bom desempenho, uma taxa de 2,04%.

O desempenho do Sudeste também foi considerado positivo, mas aquém do que poderia ter sido não fosse o ritmo errático da indústria, um segmento vital para a região. Segundo os dados do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), o avanço foi de 0,80%. No geral, os economistas avaliam que o resultado do PIB do primeiro trimestre foi expressivo e já se pode dizer que o país voltou a crescer. O Brasil não deve voltar a uma expansão como a de 2010, quando a variação do PIB foi de 7,5%, mas registrará números melhores do que o 0,9% do ano passado. A estimativa atual do mercado está em 2,98%. O governo mantém uma previsão melhor, de 3,1% no Banco Central e de 3,5% no Ministério da Fazenda.

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