sábado, 22 de junho de 2013

Meus 20 centavos sobre o 

pronunciamento da 

presidenta Dilma

 
 Renato Rovai                         Revista Fórum                                 

                                                           
                                               Foto de Dilma sendo interrogada na ditadura
                                                              militar. Um pouco desse olhar poderia voltar à  
                                                              presidenta para governar o Brasil
Dilma fez um pronunciamento bastante razoável para o atual momento. Não foi um discurso que se possa definir de esquerda , mas dá indícios de que ela de fato sentiu o bafo quente das ruas. Se vier a ser implementado, o seu governo se deslocará da tecnocracia absoluta para algo mais participativo e democrático. Isso acabará deslocando-o para a esquerda.
O fato é que a presidenta não estava ouvindo o movimento social e achava que os resultados de pesquisas demonstravam que o brasileiro entendia que era correto  fazer um governo que, na sua opinião, estava ajeitando o Estado e construindo alicerces para um desenvolvimento econômico mais agudo nos próximos anos. Enganaram-se ela e todos aqueles que a assessoram e vivem dizendo “sim senhora” para tudo que a presidenta fala.
Uma boa parte da sociedade brasileira quer que o governo avance. E ao mesmo tempo outra parte quer que Brasil “change”. Equilibrar-se entre essas duas vertentes é praticamente impossível. Há interesses absolutamente contraditórios. O Brasil do avance iniciou o movimento da redução das passagens, mas nas últimas manifestações o Brasil do “change” passou a ganhar a pauta dos atos. A pauta deste Brasil do “change” é a da Veja e a da Globo. É a dos veículos de comunicação que o governo Dilma tanto insiste em apoiar com volumosos recursos públicos.
Mas o que há de avanço no discurso de Dilma:
- Dilma reconheceu a legitimidade das ruas e disse que vai chamar os movimentos para conversar e ouvi-los. E destacou a juventude. Isso é bom, mas não basta. Dilma pode avançar nessa proposta e pensar em criar conselhos abertos de participação virtual com representes reais eleitos nas redes para reuniões frequentes tanto com ministros como com ela. Seria o início de um governo aberto.
- Dilma disse que vai chamar os principais prefeitos e governadores para um conversa sobre investimentos na área social e a respeito de pensar um pacto da mobilidade urbana. Isso é bom para a lógica federativa e para a construção de políticas públicas integradas.
- Dilma aproveitou para defender os 100% do Pré-Sal para a educação, o que também é um recado direto ao Congresso Nacional.
- Dilma falou da lei de acesso a informação, que é um avanço. Mas que ainda precisa de mais instrumentos para ser melhor utilizada.
- Dilma (e não o Padilha) disse que o governo vai trazer médicos do exterior para melhorar o atendimento do SUS.
- Dilma falou da reforma política, algo mais do que necessário, mas também bastante polêmico. Só teremos uma boa reforma com povo nas ruas.
- Mas, Dilma não falou (como sempre) uma linha sobre ampliar a democratização nas comunicações. Neste caso, os movimentos sociais têm a obrigação de incluir esta pauta como necessária para que o Brasil avance. Até porque, se Dilma ouviu a voz das ruas, também deve ter ouvido o ruído dos meios tradicionais de comunicação. Em especial, da Globo, que está travando uma luta para encher as ruas com as suas pautas. E, se possível, gritando fora Dilma.

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