terça-feira, 31 de dezembro de 2013


Caros  amigos  da  rede:

Tomo a liberdade de encarecer, neste momento de auspiciosos desejos  para 2014,  o mais elevado espírito de compreensão quanto  aos recalcitrantes pregoeiros do retrocesso socioeconômico do país, estimulados pela mídia do baronato conservador.


Relevemos, franciscanamente, suas eventuais crises de identidade e crônica falta de propostas alternativas (multissecularmente ‘encasquetadas’  no tal     ‘to be or not to be’), concitando-os à reflexão e ao  desapego a conceitos metafísicos impregnados de histórico bolor. 
                                 
Todavia,  se avessos ao amplo debate democrático das ideias(aliás, como vêm procedendo desde sempre), resignemo-nos em promover seu necrológio(só 'político', por favor, porque, apesar das abissais diferenças, todos nos respeitamos), na sequência do inevitável HARAQUIRI  coletivo(rsrsrs) a que se submeterão por falta de perspectiva, depois do próximo confronto eleitoral.

Salvo se os fluidos do novo tempo alterarem os rumos de suas pétreas contradições...

FELIZ ANO NOVO!!!


(AMgóes-Rio/RJ)


Relembrando(entre outras) canalhices     
veiculadas no 'PiG' em 2013...                                        


A Petrobras vai falir?

Com uma mídia e uma oposição dessas, o Brasil está f...e malpago...                        

Mídia 'cheirosa' e PSDB noticiam: Petrobras tem “32% de chances de falir”. É? Então a Vale tem 59%. Que burros!   

Fernando Brito12 de dezembro de 2013   

vale

A irresponsabilidade da imprensa para com a Petrobras só não é maior que seu ódio pela empresa. E, acabo me convencendo, que a sua burrice é 'apenas' despreparo.
                                1
Boa  parte dos sites de economia está publicando a asneira do ano e, claro, o PSDB, idiota, foi atrás e tascou no seu site.
É a notícia de que a Petrobras tem 32% de chances de falir nos próximos dois anos, segundo “um estudo” da consultoria Macroaxis.
Não há estudo algum, seus patetas!
A Macroaxis é apenas um site de “cálculos de investimento” automatizado, que pega dados financeiros brutos, aplica uma fórmula e “tira conclusões”. Uma “maquininha” de previsões que pega o sobe e desce das ações e projeta mecanicamente.
E chega a conclusões, obviamente, burras.
Menos burras, claro, que quem as divulga dessa forma.
A história é a seguinte:
Há um brasileiro que “contribui” com a Forbes, como centenas que escrevem em seu site. Antunes, um “famous who”, que se divertiu ano passado fazendo um texto sobre as possibilidades de Neymar, gastando demais, falir.
Este ano, descobriu o site Macroaxis e foi buscar entretenimento calculando as possibilidades de falência da Petrobras, certo de que bater na estatal brasileira é porta de entrada escancarada para obter espaço na mídia.
E os “complexo de vira-lata” copiam tudo o que sai na Forbes�€?
Bom, este modesto blogueiro aqui, descobrindo como foi feito o tal “estudo da consultoria Macroaxis”, pensou, simplório como é: pau que dá em Chico, dá em Francisco.
Não deu outra: 59% de chances de falência nos próximos dois anos! Está lá em cima a imagem e o amigo e a amiga podem fazer os cálculos na página de  brincadeirinha financeira, que nem sequer o nome da equipe ou dos dirigentes da “empresa” traz.
Que ridículo!
E que imbecis os meus colegas de profissão que dão “notícias” baseados numa baboseira destas.
Tomara que nenhum chefe de família que tenha posto um dinheirinho em ações da Petrobras, ao ler, tenha saído correndo para vender.
Estes palhaços fazem isso com a maior empresa brasileira, responsável pela extração do mar de riquezas que a providência nos deu no pré-sal.
E se dizem jornalistas de economia. Ah, e os tucanos, gente que entende de negócios. Palermas.

VEJA 'POR QUE' A PETROBRAS VAI FALIR...

Novo poço amplia potencial                     de petróleo em Sergipe

12 de dezembro de 2013 | 14:42 Autor: Fernando Brito
sergipe
Ainda não há detalhes, mas o comunicado feito hoje pela Petrobras à ANP amplia ainda mais as perspectivas de rendimento da Bacia Sergipe-Alagoas em águas profundas, com a notícia publicada agora há pouco pelo Valor(Econômico).
Provavelmente, trata-se do poço delimitador da acumulação descoberta há alguns meses e batizada de “Moita Bonita”, a cerca de 90 km de Aracaju e que indicou uma extensa acumulação de petróleo leve a cinco mil metros de profundidade, com lâmina dÂ?água de 2800 metros.
Ao lado deste bloco, o BM-10- SEAL, que é integralmente da Petrobras, ficam o 4 e o 11, onde tem sido registradas descobertas semelhantes, onde a Petrobras tem 60 e 75% respectivamente, em sociedade do uma petroleira indiana.
Ao lado de Barra e Farfan, Moita Bonita é a terceira área já delimitada para exploração. Acima dela,e ao lado esquerdo das outras duas, em delimitação, está a área de Muriú, onde dois poços já encontraram petróleo também. A esquerda, em direção ao litoral, fica a área de Poço Verde, onde a  Petrobras faz estudos sísmicos para ampliar o que descobriu na primeira perfuração.
A Petrobras já considerar reavaliar o plano de exploração de Sergipe, que prevê um navio FPSO com capacidade de processar 100 mil barris diários.
A declaração de comercialidade da área é esperada para qualquer momento e vai ser muito bacana se derem ao campo o nome de Déda, o governador de Sergipe  que morreu dias atrás e foi, ainda no Governo Lula, um dos grandes incentivadores daexploração de águas profundas em Sergipe, onde se explora petróleo em terra e em águas rasas.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Dilma: comparar para medir


 Fernando Brito                             
tv
Nunca me saiu da cabeça uma lição de Malba Tahan, lida na pré-adolescência.
É quando Beremiz Samir, O Homem que Calculava,  inicia o seu desafio de ensinar matemática à princesa Telassim, através de uma pesada cortina, sem poder vê-la ou ser visto.
“Medir, senhora, é comparar”.
Creio que Dilma, ontem, em sua fala em rede de TV, usou este sábio ensinamento.
O que mais fica, em minha opinião, de sua fala, é isso.
Assim como será esta a questão essencial em 2014.
Para onde queremos para o Brasil vá?
Ou se queremos que o Brasil volte.
Nestes dias, talvez você tenha reparado, andei postando menos.
Estava viajando e rodei um bom pedaço do Brasil, de carro.
Brasília, Goiás, Mato Grosso, imensidões.
Vi pouco abandono, vi obras por toda a parte.
Há dez anos, fiz uma viagem semelhante.
E só vi abandono.
Eu julgo com meus olhos, como todas as pessoas.
Vejo a minha linda Baía da Guanabara fervilhando de barcos e recordo de uma velha carcaça de navio, o “Toro”, que observei durante anos se desmanchar na boca do porto de Niterói.
O Brasil que eu vejo não é o que está escrito nos jornais.
É o que eu vejo e posso comparar com o que vi.
E é talvez isso o essencial no debate eleitoral: comparar, para medir.
Não dizer o quando se fez, porque sempre se terá feito pouco, neste país que precisa de tanto.
Mas mostrar o que não se fez, quando precisávamos tanto.
Ontem, ao chegar, li num muro uma pichação com o símbolo anarquista: “não vai ter Copa”.
Deu vontade de encontrar o guri que fez aquilo.
E conversar com ele sobre o Brasil que eu vivi, no qual ele não viveu com idade para lembrar.
Do Brasil dos esqueletos, das ruínas, do mato crescendo em meio ao abandono.
Do país que não tinha jeito, que não tinha saída, do “povo indolente”, no qual era “inferior” ser brasileiro.
De como foi desgraçada uma juventude e,depois, a maturidade como as minhas, onde só tinha “não” para dizer.
Queria dizer a ele que sempre fui um inconformado, um indócil, um contestador não porque gostasse, mas porque não havia em que acreditar, o que construir, para onde ir.
De como era ruim viver num país onde só se podia amar a natureza e o passado.
E não se podia crer em um futuro.
Não quero acenar a ele com uma luz que ele não vê, porque não viu o breu.
Sei que, como escreveu Lupicinio, há o perigo de deixar o céu por escuro e ir ao inferno à procura de luz.
Vou encontrar este guri, durante a campanha, este ano.
Porque é o que de melhor tenho para dar a ele.
O que vivi e trago nos olhos e na memória.
Para que ele possa comparar e medir.
Este país, pobre, carente, rico e abundante, ao mesmo tempo está mudando.
Precisa e vai mudar mais ainda.
Mas, desde que me entendo por gente, pela primeira vez, tem um rumo.
E é ele que está em jogo.
 Abaixo, a mensagem  de fim de ano da presidenta Dilma Rousseff...


Pleno emprego e Bolsa Família desmobilizam luta pela terra no Brasil, diz estudo

Relatório aponta que conjuntura econômica e transferência de renda afastaram trabalhadores rurais das ocupações de terra. Como consequência, assentamentos apresentam queda
Tadeu Breda   
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JONAS OLIVEIRA/FOLHAPRESS
mst assentamento parana 2011 Jonas Oliveira Folhapress.jpg
Acampamento do MST no Paraná: apesar da desmobilização no campo, movimento lidera ocupações
São Paulo – A conjuntura econômica favorável dos últimos anos, com baixos índices de desemprego, e os programas assistenciais do governo federal têm desestimulado os trabalhadores rurais brasileiros a embarcarem na luta pela reforma agrária. Essa é uma das principais conclusões do Relatório Dataluta 2012, que será publicado na próxima segunda-feira (6).
“Há disponibilidade de formas de aquisição de renda por meio do trabalho. Mesmo que não seja emprego formal, bem remunerado, há disponibilidade de trabalho no país. As pessoas passam a ter alternativas para obter pelo menos o mínimo. Isso desmobiliza a luta pela terra”, explica Eduardo Girardi, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Presidente Prudente (SP) e um dos coordenadores do estudo.
Em entrevista à RBA, Girardi explica que a possibilidade de sobreviver, ainda que seja com o pouco dinheiro distribuído pelo Bolsa Família, é uma das principais responsáveis pela redução no número de ocupações de terras no país. Em 2012 foram registrados 253 episódios. É um número baixo, se comparado com os índices de 1999, quando houve 856 ocupações, mas demonstra crescimento se observarmos os números de 2010, com 184.
O baixo número de ocupações reflete no baixo número de novos assentamentos construídos no país em 2012: apenas 117. De acordo com o Relatório Dataluta, o auge da destinação de terras para a reforma agrária ocorreu em 2005, com 879 novos assentamentos. “Podemos afirmar que a partir de então tem havido um decréscimo constante no número”, explica Girardi. “O Estado faz assentamento mediante pressão dos movimentos sociais.”
O estudo aponta ainda que no ano passado 436 mil pessoas se envolveram em manifestações que pediam acesso à terra no país. Apesar de ter se afastado do noticiário, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ainda é o grupo que mais promove ocupações no país, seguido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). No total, há 116 movimentos sociais organizados no campo brasileiro. Apenas 23 organizaram ocupações em 2012.
Girardi aponta que o país destina cada vez mais terras à agricultura, mas ressalva que o crescimento da estrutura fundiária ocorre de maneira concentrada. “A maior disponibilidade de terras ocorre paralelamente à manutenção dos níveis de concentração”, pontua. “Ou seja, novas terras estão indo para as mãos das mesmas pessoas que já são proprietárias.”
O relatório apontou um crescimento de 6,3 milhões de hectares na estrutura fundiária brasileira. A que se deve esse aumento?
Basicamente, à expansão da fronteira agrícola, regularização fundiária e grilagem de terras. Esse número não é obtido por detecção via satélite, mas por novas terras registradas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), e que passaram a ter documentos legais ou pessoas que se declaram como suas donas. O avanço da fronteira agrícola não significa necessariamente desmatamento imediato. A pessoa pode se declarar posseira de uma área que ainda é floresta, mas, a partir do momento em que ela consegue a propriedade da terra, ela vai desmatá-la para transformá-la em capital. Porque a agricultura tradicional ainda é predominante.
O relatório mostra que as ocupações de terra diminuíram no país. Isso está relacionado a uma possível perda de força política dos movimentos do campo, como MST?
Essa é uma questão que inclusive discutimos no último encontro da Rede Dataluta. Uma das razões para essa diminuição é a própria conjuntura econômica do país. Há disponibilidade de formas de aquisição de renda por meio do trabalho. Mesmo que não seja emprego formal, bem remunerado, há disponibilidade de trabalho no país. As pessoas passam a ter alternativas para obter pelo menos o mínimo. Isso desmobiliza a luta pela terra.
Ou seja, tem a ver com as conquistas sociais dos últimos dez anos?
Não sei se seriam conquistas sociais, mas há possibilidade de obtenção de renda via trabalho. A maior parte desses empregos paga apenas um salário mínimo. E a gente sabe que um salário mínimo não supre todas as necessidades de uma família. Outra razão para a queda no número de ocupações tem a ver com os programas de assistência social, que servem para que as pessoas pelo menos não passem fome, porque o valor também é muito baixo. Também é outro fator que contribuiu para a diminuição do número de pessoas dispostas a se sujeitar à luta pela terra – porque a luta pela terra é árdua. Fazer acampamentos por anos, em condições precárias, enfrentar pessoas armadas etc. Acaba que essa situação toda desencoraja as pessoas a participarem das ocupações.
Houve uma espécie de pacificação da luta pela terra no país?
Pacificação tem a ver também com redução da violência. E não trabalhamos com dados de violência. A violência normalmente recai sobre os movimentos de resistência. Mas o fato é que o número de ocupações diminui bastante a partir dessa conjuntura de crescimento econômico. Isso não quer dizer que os problemas no campo foram solucionados: concentração, exploração do trabalhador rural etc. Também não quer dizer que as ocupações possam voltar a crescer. Em um cenário em que não haja essa conjuntura econômica favorável, podemos ter um novo momento de crescimento das ocupações no campo.
A redução no número de ocupações também se relaciona à redução no número de assentamentos?
Justamente. O Estado faz assentamento mediante... se pegarmos a partir da década de 1990, temos a criação de assentamentos mediante pressão dos movimentos sociais. Diminuindo a pressão, também diminui o ritmo de criação de assentamentos. Uma coisa está relacionada à outra. O auge do número de assentamentos ocorreu em 2005. Podemos afirmar que a partir de então houve um decréscimo constante no número de assentamentos. Foram de 879 em 2005 para 117 em 2012.
Houve alguma mudança de orientação no governo para essa redução?
A principal explicação é mesmo a redução no número de ocupações e de reivindicações dos movimentos. Criar assentamento tem implicações em relações de poder, orçamento, tudo isso. Mas a presidenta Dilma Rousseff declaradamente disse que preferia dar melhores condições aos assentamentos existentes em vez de criar novos assentamentos e deixá-los nas mesmas condições dos atuais. Mas a gente não está vendo nenhum tipo de melhoria nos assentamentos que já existem.
A criminalização da luta pela terra também contribuiu para a redução dos assentamentos?
Os movimentos têm atribuído à ação judicial um peso muito importante para que a luta se tornasse mais tímida. Em conversa com os membros dos movimentos, dizem que essa maior atuação do Judiciário com relação à luta pela terra é um dos motivos para explicar o número de ocupações e, por consequência, de assentamentos.
O MST ainda é o principal movimento no campo. Qual é seu papel hoje?
O MST está sofrendo com a diminuição do número de pessoas dispostas a lutar pela terra. Seu impacto e sua visibilidade pública também acabam diminuindo, porque o número de ações diminui. O MST foi uma grande referência para os movimentos sociais no período em que o número de ocupações era bastante significativo. Talvez, no futuro, com uma possível retomada das ocupações, o MST retome essa dimensão.
Como o sr. avalia a política agrária do governo Lula e Dilma?
Eu esperaria algo mais reformador.
Quantas famílias se estima que sejam a clientela da reforma agrária no país?
Mas não é possível conhecer esse número, porque, afinal, quem seria a clientela da reforma agrária? Essa pessoa que vive com salário mínimo e Bolsa Família, por exemplo, é cliente da reforma agrária? É um cliente em potencial? Se a conjuntura econômica favorável desaparece, ela vai ser novamente um potencial beneficiário? Difícil saber. Outra questão: os potenciais beneficiários são apenas aqueles que lutam, que fazem ocupação, ou aqueles que podem jamais ter feito ocupação, mas que se enquadram nas características socioeconômicas? Temos nos assentamentos brasileiros 933.836 famílias. Esse número, na verdade, é a capacidade dos assentamentos. Pode haver mais ou menos. Há lotes com assentados e agregados. E há lotes vazios.
No relatório também entram dados sobre a luta pela terra dos indígenas?
Sim, entra o número de ocupações de terra feitas por indígenas, que tem aumentado. Primeiro, aumentou o conflito porque o agronegócio, principalmente com a expansão do setor sucroalcooleiro e madeireiro, está avançando sobre as terras indígenas, e os indígenas passaram então a requerer demarcação, porque as áreas não estavam demarcadas. Aí você tem o surgimento de ocupações de terras por indígenas. Chamamos de ocupações de terras, mas na verdade são retomadas, que ocorrem sobretudo no Mato Grosso do Sul, noroeste do Paraná e algumas regiões do Nordeste, como o sul da Bahia.
Uma análise geral do relatório apontaria que a reforma agrária e a distribuição de terras está avançando ou retrocedendo no país?
Está paralisada. Tanto a concentração, quanto a luta, quanto os assentamentos. Estão todos paralisados, mas paralisados no contexto brasileiro: 400 mil pessoas lutando pela terra é significativo. Mas não é tão significativo quanto já foi no passado.
Quando foi o auge de mobilização?
Começamos a fazer o levantamento em 2000. O maior número entre 2000 e 2012 foi em 2007, quando havia 629.029 pessoas envolvidas em manifestações no campo. Antes de 2000, não temos os dados. Mas, provavelmente, nos momentos de pico das ocupações de terras tivemos efetivos de pessoas maior do que esse.

domingo, 29 de dezembro de 2013

Carlos Araújo, ex-marido de Dilma, chama mídia de “sectária” e “radical”


Miguel do Rosário                   
 
 carlos
Vale a pena conferir a entrevista de Carlos Araújo  (http://www.amggoes.blogspot.com.br/2013/12/o-pt-perdeu-conteudo-ideologico-mas-tem.html), ex-preso político e hoje famoso por ter sido marido de Dilma Rousseff por 20 anos, para o jornal O Globo.
Eu destacaria um trecho, em que Araújo faz uso generoso de ironia para criticar a mídia.
Araújo: (…) A mídia colabora muito com o PT.
Globo: O PT discorda.
Araújo: Mas está sendo infantil ao dizer isso. Porque é a mídia que elege o PT, ao ser tão radical e sectária como tem sido. A mídia fala durante seis meses que o Brasil irá à falência. Não foi. Depois o Brasil não exporta mais nada e tal. Ou então esgotou o mercado interno. Não acontece nada. Agora é inflação. De novo não acontece nada. A mídia esgota todos os temas e não acontece nada. O povo brasileiro, com sua sabedoria e sua esperteza, aproveita o futebol e as novelas que passam de graça na TV, mas para o resto não dá bola.

Araújo conseguiu, usando de ironia, fazer uma crítica dura e direta aos meios de comunicação, chamados de “sectários” e “radicais”.
Apesar da ironia, contudo, o pensamento de Araújo sobre a questão da comunicação social sugere o mesmo traço de pragmatismo de curto prazo que suponho ser predominante junto ao governo. Como o PT tem vencido eleições, então é porque tudo está bem, e tudo pode ficar como está.
Acontece que o PT pode estar sobrevivendo e crescendo à sombra da mídia, mesmo apanhando diariamente, e tendo alguns de seus melhores quadros condenados injustamente num processo onde a mídia exerceu um papel essencial. Entretanto, a principal vítima de nosso sistema midiático viciosamente concentrado não é o PT, e sim o Brasil, cujo debate político e cultural se empobrece.
O problema não está no fato dos jornais serem de direita, e sim a falta de pluralidade política. Esse é um problema herdado da ditadura, que nos legou um mercado já devidamente limpo, pelo regime de força, de qualquer empresa de mídia estranha à santa aliança das famílias que controlam os principais meios de comunicação no país.
A crítica de Araújo à perda de conteúdo ideológico no PT, por sua vez, me parece sensata. Mas o sentido da frase permaneceu confuso. Araújo não diz que o PT não tem mais conteúdo ideológico, e sim que se perdeu conteúdo. O partido se tornou burocrático, pragmático e eleitoreiro, o que talvez seja uma tendência natural de todo partido que cresce.
Felizmente, em anos eleitorais, a elevação da temperatura política permite a criação de debates mais autênticos e polarizados, e, com isso, agregar novos conteúdos ideológicos aos programas de governo.

Marina vai ter que fazer mais que torcer por novos protestos em 2014                       


E a desigualdade?
E a desigualdade?
Em seu comentado artigo da última sexta-feira, 27, na FolhaSP, Marina deixou claro qual é sua grande arma e grande esperança para 2014: os protestos.
É compreensível.
O único nome na política que saiu intacto nas chamadas Jornadas de Junho foi o dela.
Para muita gente, em geral desavisada, Marina simbolizou, naqueles dias, um “jeito diferente” de fazer política.
Nas pesquisas, o favoritismo absoluto de Dilma pareceu ameaçado. Sua popularidade desabou. Num triunfo da esperança, a oposição achou que Dilma poderia estar acabada como candidata a um segundo mandato, ou alguma coisa próxima disso.
Marina cresceu em tais circunstâncias. Mais tarde, o fracasso em legalizar seu partido e o casamento de conveniência com Eduardo Campos tiraram boa parte do brilho e do ímpeto conquistado por Marina nas manifestações.
No eleitorado progressista, Marina se desgastou também ao repetir um chavão dos conservadores – o risco de “chavismo” no Brasil.
E Dilma, ao mesmo tempo, foi se recuperando. Hoje, passados alguns meses, e com o impacto positivo de ações sociais como o programa Mais Médicos, Dilma recuperou o amplo favoritismo.
Na maior parte das pesquisas, ela ganha com uma certa facilidade. Parecem grandes as chances de vitória no primeiro turno, nas circunstâncias atuais.
Mas e se houver uma nova rodada de protestos? A disputa fica aberta de novo? Marina vira uma candidata forte a ponto de Campos ser obrigado a ceder a ela a cabeça de chapa no PSB?
Bem, ao contrário do que Marina mostrou desejar em seu artigo, dificilmente o quadro se repetirá.
Primeiro, o fator surpresa não existirá mais. Segundo, com a confusão programática e pragmática da aliança com Campos, a aura de “diferente” de Marina perdeu muito.
Terceiro, os reais articuladores das manifestações – os jovens do Passe Livre – aprenderam uma lição prática.
Os protestos, na sua origem, tinham uma clara aura de reivindicações sociais. O que estava sendo dito nas ruas é que a sociedade queria menos pobreza, menos desigualdade, menos violência contra os índios, menos concessões aos conservadores em nome da “governabilidade”.
Depois, com a ajuda entusiasmada da mídia, houve uma manipulação. Malandramente, tentou-se dar à manifestações um caráter – falso – de cansaço da “corrupção”.
Foi quando a Veja colocou em suas páginas amarelas um celerado carioca que era “o rosto que emergiu das ruas”, pausa para rir. Pouco tempo depois, sem a ajuda da esquerda jovem, o “líder” da Veja reuniu dez pessoas num protesto que ele convocou como se fosse Danton.
Os garotos do PL perceberam a usurpação que se quis fazer nos protestos, e se recolheram. O resultado é que as manifestações imediatamente começaram a minguar. Perderam seu motor.
Dilma parece ter compreendido a mensagem das ruas. A firmeza com que enfrentou a resistência retrógrada no Mais Médicos foi um sinal disso.
Acelerar ações sociais em curso e promover novas é a melhor forma de prevenir manifestações. No Brasil, como de resto em quase todo o mundo, o alvo delas é a desigualdade social.
Marina vai ter que fazer mais, caso queira ter relevância em 2014, que torcer por novas Jornadas de Junho.
Ela vai ter que mostrar que tem planos reais para reduzir a iniquidade brasileira.
Até aqui, ela falou não mostrou nada neste que é o maior desafio nacional, embora tenha falado muito.
(*) O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.